A volta do lobo

CREPÚSCULO DA LEI – Ano V – CCLX

Parecia que o nazismo alemão teria feito eclodir um sintoma planetário de defesa dos direitos humanos universais, tão efusivamente decantado na Declaração de 1948, recitado em palco especialmente criado por uma organização mundial de nações.

Na pirotecnia destas promessas “todas” as nações organizantes se declararam ávidas pela efetividade de tais direitos, repetindo e firmando solenemente “que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade.” (Paris, 10 de dezembro de 1948).

Sob este aspecto, aprendeu-se que o nazismo fez vitimar milhões de judeus e que esta situação de “desprezo” aos direitos humanos não mais pesaria sobre a consciência da humanidade. 

Ocorre que esta orientação não foi devidamente esclarecida ao estado de Israel, o qual fez por gerar um clone do nazismo – nos mesmos moldes de desprezo – chamado “sionismo”.

O sionismo israelense é o similar atual do nazismo contra o povo palestino.

Em tudo nazismo e sionismo se assemelham, a começar exatamente pelo desprezo aos direitos humanos e pela prevalência da escolha impiedosa da vítima do holocausto.

O nazismo fez holocausto dos judeus. O sionismo fez (e continua fazendo) holocausto dos palestinos.

O nazismo alemão matou milhões de judeus. O sionismo israelense matou milhões de palestinos (e continua matando).

O nazismo tomou vidas, terras e bens dos judeus. O sionismo tomou vidas, terras e bens dos judeus.

O nazismo foi oficialmente declarado extinto em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O sionismo nasceu oficialmente em 1948, com a invasão da Palestina pelas tropas israelenses.

O mundo tomou conhecimento dos horrores do nazismo depois da guerra e acompanha os horrores do sionismo na Palestina em tempo real.

Assiste-se a espetáculo da morte em que a tal organização mundial de países – absolutamente imprestável ao propósito do pacto inicial – promove um desdém placidamente sórdido diante do rodar numérico dos cadáveres que se empilham no campo de concentração da faixa de Gaza.

Feito uma sinfonia macabra, cada explosão que elimina civis às centenas é um estrondo surdo “na consciência da humanidade”, é incapaz de suscitar sequer a possibilidade de uma valquiriana força de paz. Nada. 

O campo de concentração de Gaza é a crônica de um genocídio anunciado. Está cercado e todos vão morrer, ao vivo, enquanto a festa dos abutres acompanha o féretro da própria humanidade

O sionismo de Israel encerrou o ciclo de temor aos malefícios do nazismo que se imaginava jazendo em sono perpétuo em louvor aos direitos humanos iniciado em 1948. 

Com o extermínio da faixa de Gaza o mundo retornou ao tempo da barbárie, ao tempo da lei do mais forte. O grande Leviatã da proteção e da segurança aos súditos está morto.

Qualquer lugar do mundo pode ser reduzido à uma grande faixa de Gaza.  

O homem voltou a ser o lobo dele próprio, e o medo do homem caminha com ele mesmo no vale da sombra e da morte, temendo todos os males.

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