A matemática que nos rege

A matemática que nos rege 

Me lembro da primeira vez que tirei nota 7, a cara de espanto da minha mãe para mim como se eu tivesse cometido um crime. Não gosto do número 7 até hoje, coitado, ficou com a culpa! 

Também me lembro da primeira festa de 15 anos que participei, eu tinha 13 e ainda era uma menina. A cara da costureira para mim quando o vestido sobrou no busto (que eu não tinha) foi a mesma da minha mãe na nota 7. 

E, assim como eu, muitos de nós crescemos, enfrentando o espanto alheio quando nossos números não se encaixam nos padrões.

Que o mundo é regido pelos números, isso já sabemos. O G8 e o G20 que o digam. Somos escravos dos resultados numéricos. Metas, bolsas e moedas conduzem pessoas, empresas e países às melhores posições.

Contudo, a comparação numérica que vivenciamos ao envelhecermos nos coloca numa posição de total desconforto e impotência. Como se apenas os números pudessem dizer a nosso respeito.

Quantos anos você tem? Quantos quilos você pesa? Quanto você tem de quadril? Quantas calorias consome? 

E partindo dessa contagem, seguem para a etapa mais perversa, a comparação. Aos 60 na faculdade? Namora um sujeito 20 anos mais novo! Já deu o que tinha que dar! Está muito velho para… Está muito gorda para…

Ouço claramente por trás de cada frase dessa, “recolha-se à insignificância dos seus números”. 

Ouço. Porém não reconheço, não aceito e deliberadamente não obedeço.

E ainda que você, que esteja com os números perfeitamente encaixados, não queira ouvir, eu te apresento os subjetivos números que me definem. 

Eu tenho anos de história, nunca os contei, mas posso garantir que foram vividos na íntegra e eu sei a dor e delícia que foi vivê-los. 

Eu tenho um aglomerado de resultados bons e ruins que transformei em incontáveis lições. 

Eu tenho uma juventude em mim que ganhei com esses anos que vivi. E, quanto mais eu vivo, mais ela se renova. 

Eu tenho a felicidade de ter feito cada coisa da minha vida no tempo certo para mim, inclusive agora, quando meus números contrariam as estatísticas, eu continuo construindo  meus próprios números. 

E para deixar bem claro que os números não nos definem, o “noves fora” da vida nos ensina que não importa quantos anos temos, e sim quanto ainda teremos. E nessa, meu amigo, eu e você temos as mesmas garantias!

 

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