A Malafarsa

CREPÚSCULO DA LEI – Ano VI – CCLXXI

 

 

Jesus não era cristão, muito menos criou o cristianismo. Pode-se atribuir tal possibilidade ao seu apóstolo Paulo e ao seu estoicismo platônico, cujo conjunto teológico foi admitido e concretizado séculos depois pelo oportunismo romano de Constantino.

Jesus era judeu e tal condição o levou à morte, exatamente pelo fato dele, como judeu - em um único momento de fúria de sua vida pública - perder o controle em face do dinheiro, dinheiro no interior do templo de Salomão. 

Ora, eis que o dinheiro foi o único motivo para “tirá-lo do sério”, fazendo com que Jesus se descontrolasse uma única vez na narrativa do novo testamento, exatamente pela sua condição judaica não admitir tal situação, ou seja, um supremo ultraje à casa do Senhor.

Sim, o absurdo da ganância foi inadmissível para o judeu Jesus. Inadmissível que o templo sagrado fosse palco de estelionatários, exploradores e impostores de toda espécie. “Corja de víboras”, foi o que Ele disse, completamente alterado com aquela situação aviltante.

Depois disso foi preso ilegalmente, torturado sem dó, condenado sem prova e morto sem dignidade alguma.

Algo difere dos tempos atuais? 

(...)

Em relação à exploração dos templos por “corja de víboras”, arrebatando implacavelmente parcas economias de incautos, de forma sistemática e cruel, mediante um jogo desprezível de promessas e indulgências, em tudo se iguala.

Um retorno de Jesus – como Messias – o levaria a outra morte violenta e implacável, perpetrada pelos mesmos empresários da fé, sedentos do sangue dos perturbadores dos seus ganhos e das suas ultrajantes ostentações.

Nada a estranhar, por exemplo, quando estes abutres do ganho dos humildes insuflam a perseguição a um sacerdote que distribui pão aos mais pobres, vomitando nele blasfêmias do alto dos seus jatinhos. Corja de víboras.

Uma destas víboras – de rolex e tudo - está patrocinando um desses espetáculos de proteção ao seu patrimônio, uma malafarsa.

Essa malafarsa se deve ao fato da tal víbora ser um devedor da receita em quase R$ 5 milhões, e ele já não pode mais contar com a cumplicidade do ex-mandatário que comprou seus versículos decorados e adulterados, valendo-se do templo para negociar política de jejuns e votos das almas.

Essa malafarsa está repleta de cretinos psicopatas, mentirosos contumazes e tomadores da renda de vulneráveis. Além de devedores, são também criminosos investigados por crimes contra o estado democrático, ao patrocinarem os atos terroristas contra as instituições democráticas.

Agora planejam um ato para se esconderem, insuflando a multidão. 

Uma multidão que, mais uma vez, será usada e pagará com sua ignorância – como já ocorreu – enquanto os empresários da fé – do alto de seus jatinhos – a tudo assistirão envoltos em nuvens da hipocrisia.

São mesmo uma corja de víboras.



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