A cultura no entorno da Ferrovia

 

No Brasil, a instalação da primeira ferrovia foi trazida por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, seu principal incentivador. Com grande entusiasmo, esse símbolo do progresso e da civilização brasileira foi inaugurado no dia 30 de abril de 1854, por D. Pedro II.

Assim como nos demais estados do país, Minas Gerais teve o desenvolvimento de seus municípios marcado pelas instalações das linhas férreas. Cúmplices de chegadas e partidas, as estações foram, por muito tempo, o principal eixo econômico dos centros em expansão, bem como um importante marco da malha urbana.

A ferrovia influenciou e muito a cultura brasileira, principalmente em Minas. Muitas comunidades se desenvolveram no entorno das estações construídas pelo trajeto por onde os trilhos passavam, comunidades que se tornaram cidades, como é o caso de nossa Divinópolis.

Com a chegada da ferrovia, no dia 30 de abril de 1890, e em 1910 a linha Divinópolis BH já funcionava, e o desenvolvimento por aqui crescia a passos largos.  Porém, não éramos cidade, nem se chamava Divinópolis, era o Arraial do Divino Espírito Santo e a estação Henrique Galvão levava o nome do engenheiro que trouxe a ferrovia para cá. 

Tornou-se vila e, logo em seguida, cidade, em 1º de junho de 1912 e seu primeiro nome foi do engenheiro Henrique Galvão. Como a tradição religiosa pesava um pouco mais do que a influência da ferrovia, meses mais tarde se tornou Divinópolis, por interferência de padre Matias Lobato, que, junto com Pedro X. Gontijo e Antônio Olímpio de Morais, lutaram arduamente pela emancipação.

Desde então, a influência ferroviária na cidade dividia espaço com a religiosa. A Vila Operária criada para trabalhadores da rede ferroviária se tornou o bairro Esplanada, igreja, escola, time de futebol (Ferroviário) e moradias, tudo providenciado pela direção da rede, como um subprefeito.

Não há uma família com mais de duas gerações em Divinópolis que não tenha alguém que já trabalhou na ferrovia, e com muito orgulho, afinal, ser funcionário da Rede Ferroviária era sinônimo de “bom partido”.

Com certeza você conhece um ex-ferroviário que tem boas histórias para contar, mande para nós.

Falando em ferrovia, hoje a partir das 10h30 inaugura-se a estação das memórias, um espaço com peças e histórias da ferrovia em Divinópolis. O local escolhido é na antiga Estação Ferroviária, na praça Pedro X. Gontijo no Centro de Divinópolis.

Alguns trechos de frases a respeito do tema abordado:

 

Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,

mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,

atravessou minha vida,

virou só sentimento.

(Adélia Prado)

 

Em 30/04/1890 era instalada a 1ª Estação 

Denominada Henrique Galvão 

Movimento a vida de toda uma população 

Agora tinham uma nova opção 

Para viagens de longa duração 

(Welber Tonhá)

 

Quem anda no trilho é trem de ferro. Sou água que corre entre pedras - liberdade caça jeito.

(Manoel de Barros )



“O trem que chega

É o mesmo trem da partida

A hora do encontro é também despedida

A plataforma dessa estação

É a vida desse meu lugar”

(Milton Nascimento)

 

“Lá fora o luar continua

E o trem divide o Brasil

Como um meridiano”

(Oswald de Andrade )



“Uma mulher tomou um trem e foi-se embora muito infeliz, como devem ser as mulheres que tomam trens”.

(Fernando Sabino)



“Não importa se a estação do ano muda... Se o século vira, se o milênio é outro. Se a idade aumenta... Conserva a vontade de viver, não se chega a parte alguma sem ela.”

(Fernando Pessoa)



Tem pauta sobre a cultura? Envie para [email protected]

Welber Tonhá e Silva 

Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09

Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

Instagram: @welbertonha

 

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