A cultura do merecer

Welber Tonhá e Silva

Na vida, nos deparamos com situações justas e injustas. Muitas vezes, observamos pessoas sendo homenageadas e parabenizadas por algo que fizeram por merecer. No entanto, observamos também casos estranhos a regra, aqueles que não o fizeram por merecer, mas, por algum motivo, interesse ou mesmo patrocínio, recebem a homenagem. Como diz “O popular”: a cara nem dói. Enfim, isso acontece no mundo todo, em todas as áreas, em todas as classes sociais ou culturais. 

O conceito de merecimento é complexo e pode variar dependendo do contexto cultural, filosófico e pessoal. Em geral, refere-se à ideia de receber algo com base em méritos, esforços ou qualidades. Algumas pessoas acreditam que o merecimento está relacionado ao trabalho árduo e conquistas, enquanto outras podem considerar o merecimento como algo mais subjetivo, ligado a questões de justiça ou destino. O entendimento do merecimento é influenciado pelas crenças individuais e culturais de uma pessoa.

E, nesse conceito positivo, vou ressaltar aqui um poeta, escritor, escrivão, leiloeiro, religioso e fundador da Academia Divinopolitana de Letras, que mereceu, merece e sempre merecerá ser lembrado: Sebastião Bemfica Milagre, que no último dia 2 completaria 100 anos de idade. Para comemorar essa data tão significativa, a Academia Divinopolitana de Letras, em parceria com a catedral do Divino Espírito Santo e a Câmara de Vereadores, atráves da comissão de Cultura, promoveram uma missa (no dia 0) e uma solenidade (no dia 3), além de uma exposição sobre  sua vida e obra que está no Espaço GTO da Câmara. Deixo aqui meus cumprimentos à família na pessoa do amigo Paulo Milagre, ao presidente da ADL acadêmico Joaquim Medeiros, aos acadêmicos envolvidos na organização Augusto Fidelis, Arnaldo Jr e Flávio Ramos, ao presidente da Câmara, vereador Israel da Farmácia, à Comissão de Cultura  da Câmara formada pelos vereadores Ney Burger, Wesley Jarbas e Anderson da Academia, à Catedral do Divino Espírito Santo nas pessoas do Vigário Padre Luís Fernando Alves Cruz e do Padre Padre Paulo Sérgio Diniz Mendes, pois tudo foi lindo, de emocionar.

Cultura do 7 de Setembro

Hoje, dia 7 de Setembro, comemoramos a Independência do Brasil. A data refere-se a um evento histórico importante que ocorreu em 7 de setembro de 1822. Foi quando Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil de Portugal, rompendo os laços coloniais que existiam há mais de 300 anos. Isso marcou o início de um Brasil independente, embora o país ainda enfrentasse desafios para consolidar sua soberania. O Dia da Independência é celebrado como um feriado nacional no Brasil, com desfiles e eventos cívicos em todo o país para comemorar esse momento significativo na história brasileira.

A independência do Brasil é um evento histórico que ocorreu em 7 de setembro de 1822, quando o príncipe regente Dom Pedro proclamou a independência do país em relação a Portugal. Isso teve uma série de impactos significativos na história do Brasil e da América Latina:

  1. Fim do domínio colonial: A independência do Brasil marcou o fim de mais de três séculos de domínio colonial português. Isso permitiu ao Brasil se libertar do controle direto de Portugal e buscar seu próprio destino como nação.
  2. Formação do Império: Após a independência, o Brasil se tornou um império com Dom Pedro I como seu primeiro imperador. O país adotou uma monarquia constitucional, criando uma estrutura política e administrativa própria.
  3. Influência na América Latina: A independência do Brasil teve um impacto significativo em outros países da América Latina que estavam buscando sua independência. O exemplo brasileiro inspirou líderes e movimentos em toda a região.
  4. Estabilidade política: A independência ajudou a estabelecer uma relativa estabilidade política no Brasil, em comparação com outros países da América Latina que passaram por instabilidade e conflitos após suas independências.
  5. Expansão territorial: O Brasil expandiu suas fronteiras durante o período imperial, incorporando novas regiões e territórios, como o Uruguai. Isso moldou a geografia do país.
  6. Abolição da escravidão: Embora a independência não tenha levado imediatamente à abolição da escravidão, ela criou as condições para o surgimento de movimentos que eventualmente levariam à libertação dos escravos no Brasil em 1888.
  7. Desenvolvimento econômico: O Brasil continuou a se desenvolver economicamente após a independência, com o crescimento da agricultura, indústria e comércio. Isso contribuiu para o país se tornar uma das maiores economias do mundo no século XX.

A independência do Brasil é um evento fundamental em sua história, que moldou sua identidade nacional, sua estrutura política e sua trajetória como nação independente. Ela também teve um impacto mais amplo na América Latina, influenciando movimentos de independência em outros países da região.

 

Hoje as frases trechos e pensamentos dão espaço a poesia de Sebastião Bemfica Milagre, minha homenagem pelos seus 100 anos.

 

“Meu agradecimento às locomotivas diesel

que nas minhas noites de ontem

rasgavam o silêncio com enorme ruído

e vinham me acordar

para que eu perdesse o sono

 

meu agradecimento aos maquinistas

anônimos dessas locomotivas

que as madrugadas-neblina

acionavam dispositivos-barulho

que vinham me acordar

para que eu perdesse o sono

 

muito agradeço aos vagabundos da noite

e aos ébrios da lua

que passavam sem saber à minha porta

xingando ninguém

cujas palavras-álcool me acordavam

para que perdesse o sono

 

muito agradeço aos alfa e aos mercedes

aos ford e aos chevrolet

operários da noite puxados de gusa

de aceleradores-grito

que me acordavam

para eu perder o sono

 

meu "grato" ao pegador de lixo

que às vezes pelas quatro da manhã

me acordava com o fragor

de rodas-ferro de carrinho

no calçamento

para eu perder o sono

 

meu "gracias" aos amigos-poetas

que vinham com serenata

de músicas e poemas 

Elísio Heraldo e outros e outros

e me acordavam artista

para eu perder o sono

meu "sênquio" especializado

ao cara-burro

que chutava os portões das garagens

minha e do vizinho

para eu acordar e perder o sono

 

meu comovido "muito obrigado"

aos cães ladrantes da esquina

que disputavam a fêmea

aos gatos brigões no telhado

ao chofer que dava no arranque enguiçado

ao barulho do vento ou da chuva

ao frio que esfriava o meu joelho

a tudo enfim que me acordava

nas noites meu-passado

para eu perder o sono

 

muito obrigado porque

quando voltava o silêncio

e eu perdia o sono

a Lilia me dava o remédio da insônia

a água do amor

o abraço o beijo o corpo todo

e após muito me dar do remédio misterioso

ela dizia "se ainda não fizer efeito

eu tenho mais

eu tenho mais"

e tinha

tinha muito

muito mais que todos os laboratórios

deste Brasil

e como eu era doente!

e como eu ficava doente!

e como eu bebia remédio!

até sem estar doente

ò locomotivas emotivas rotativas!

ò vagabundos da noite e da lua! e

ò pesados caminhões de gusa!

pegador de lixo, serenateiros, cachorros, gatos! ó!

porque não viestes mais vezes?

porque não trabalhastes mais vezes?

porque não viestes toda noite noites inteiras?

 

e agora? e agora? e agora?

agora silêncio

calai-vos locomotivas

maquinistas perdei a hora

ébrios da noite, passai por outras ruas

agachados caminhões, pegador de lixo

seresteiros, mudai a rota

e vós - cães da noite, gatos enfurecidos -

amai em silêncio o vosso amor sem eterno

não acordeis o outrora feliz

o ontem feliz

o hoje pranto

o hoje sangue

que perdeu a sua Lilia.”



 

 

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