A cultura do amparo

 

O brasileiro é tido como solidário e temos muitos exemplos de comoção social pela dor alheia, em prol do mais fraco e, principalmente, no pós-tragédia. O que é muito digno e emana de bons corações, mesmo aqueles que parecem mais duros, diante de uma situação triste, se comovem. 

A doença do mundo hoje é a depressão. Muitos têm um pouco, outros têm muito e alguns chegam a não ter - mas é muito raro em algum momento da vida todos nós passarmos por isso. Às vezes nem percebemos, superamos até sem saber e, em alguns casos, ficam ali, acumulando, escondida atrás de um rosto sorridente, de alguém bem-sucedido, alguém que parece imune e, um dia, do nada, a depressão desencadeia algo inesperado, imprevisto e até inimaginável. Pode ser desde não querer levantar da cama, deixar de praticar alguma atividade rotineira, se afastar de pessoas ou, em casos mais extremos, perder a vontade de viver.  

A pesquisadora e professora da Universidade Federal Fluminense Cristine Mattar afirma que atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 322 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão. No Brasil, são mais de 11 milhões de casos. Ela acrescenta que várias circunstâncias e condições de vida no mundo atual, sobretudo, econômicas, sociais, afetivas e culturais, vêm sendo relacionadas à depressão.

E ninguém está totalmente protegido, ninguém está imune. Não existe vacina. É preciso ficar atento aos sinais, buscar ajuda e aceitar ajuda. Voltando ao espírito brasileiro de solidário, é muito bonito quando alguém percebe um amigo em depressão e se solidariza, o ajuda, mesmo que seja só ouvir e estar ao lado. Essa cultura do amparo é uma das coisas mais lindas de se ver, ela desperta até em estranhos, em quem apenas estava ali, percebeu, ofereceu a mão, o que dá um conforto, e com certeza ajuda na busca pelo tratamento e cura. E, segundo Julia da Costa Dias, mestre em ciências aplicadas à saúde do adulto pela UFMG, o abandono funciona na contramão. Caso alguém em depressão se sinta abandonado ou deixado de lado pelos familiares, amigos ou parceiros, isso pode desencadear um distúrbio maior e agravar o quadro. Então é preciso acolher, orientar a busca de ajuda profissional e, acima de tudo, ficar atento aos sinais. 

O brasileiro, principalmente o mineiro, é um povo acolhedor, que ampara, ajuda e sente a dor do outro. 

Alguns trechos de frases e poemas para refletir

Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens? (Guimarães Rosa)

A vida é engraçada

Uma hora temos tudo

Bate um vento, 

E não resta nada.

(Welber Tonhá)

Agora eu conheço esse grande susto de estar viva, tendo como único amparo exatamente o desamparo de estar viva. De estar viva - senti - terei que fazer o meu motivo e tema. Com delicada curiosidade, atenta à fome e à própria atenção, passei então a comer delicadamente viva os pedaços de pão.

(Clarice Lispector)

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que se ganha em se perder.

 

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

(Luís de Camões)

 

A vida é muito bonita,

basta um beijo

e a delicada engrenagem movimenta-se,

uma necessidade cósmica nos protege.

(Adélia Prado)

 

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.

(William Shakespeare)

 

A partir dessa edição vamos falar um pouco sobre os prefeitos na história de nossa cidade. Agradeço o acesso a essa pesquisa ao amigo Marcos Crispim do Arquivo Público de Divinópolis.

Eles Conduziram Divinópolis (Cronologia/ Biografia)

3ª. Gestão - FRANCISCO COELHO DA FONSECA

(Set/1917 a 31/dez/1918). Vice: João Notini

Assume em substituição a Antônio Olympio de Moraes, que renunciou.

Nascimento: 15/05/1883. Falecimento: 24/07/1944. Natural de Bom Despacho, veio para Divinópolis com 14 anos. Filho de Joaquim Coelho de Fonseca e Maria José Fonseca. 

Principais realizações como cidadão (teve pouco tempo como prefeito):  fundou e dirigiu uma fábrica de bebidas, foi juiz de Paz e comerciante; ativista político, amigo e colaborador de padre Guarita, frei Hilário e padre Matias Lobato na construção do Santuário e do Hospital Nossa Senhora Aparecida.

Tem pauta para sobre a cultura? Envie para [email protected]

Welber Tonhá e Silva 

Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09

Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

Instagram: @welbertonha

 

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