A chuva e sua influência em nossa cultura

Tomar um banho de chuva é muito bom. Eu mesmo gosto muito, alivia, refresca e dá uma sensação inigualável. Claro que depois tenho que tirar a roupa molhada e tomar um banho quente para não resfriar. A vida é assim, dependendo do ponto de vista tudo tem seu lado bom ou ruim, enquanto uns dançam e cantam na chuva, outros reclamam por se molhar.

Todo ano sofremos apreensão por conta das chuvas: o rio Itapecerica toma conta das margens, preocupando as comunidades ribeirinhas, invade ruas, comércios e casas, recorrentemente. Como conviver com isso? Que a chuva é essencial para a vida em nosso planeta não se discute, desde o microrganismo mais isolado aos animais de todas as espécies, incluindo nós, humanos, todos precisam da chuva, e ela possui uma influência direta e indireta em tudo que nos envolve, em tudo o que cultivamos ou cultuamos. Muito positiva para produção de alimentos, regar a terra e levar água para regiões mais altas na contramão do sentido dos rios. Em alguns casos, influencia de forma negativa, com enchentes, desmoronamentos e derrubada de árvores, mas não podemos culpar as chuvas. O ser humano que interferiu na natureza e colhe as consequências. Prever e antecipar isso é uma necessidade, por isso o estudo da meteorologia é importante. 

O termo meteorologia foi usado pela primeira vez no século 4 a.C., quando o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) escreveu um tratado chamado Meteorológica. No livro, o filósofo faz considerações sobre o clima, astronomia e ciências naturais. Algumas partes do texto são muito avançadas para a época, como o capítulo que trata da condensação da água.

Hoje, conseguimos prever quando, quanto e onde vai chover com mais precisão. Desde as eras bíblicas, observar o tempo sempre foi uma necessidade da humanidade, já que o cultivo das plantações dependia dos ciclos das chuvas. A própria Bíblia cita a forma como se previa o tempo na época de Jesus: “Vai chover, porque o céu está vermelho-escuro” (Mateus, capítulo 16, versículos 2 e 3).

Pois era justamente assim que as previsões eram feitas antigamente: a olho nu e sem nenhum rigor científico. As pessoas olhavam para o céu e tentavam adivinhar se iria chover, fazer frio ou calor, de acordo com o que se acreditava na época.

A meteorologia moderna só surgiu no século 19, quando, em 1854, uma esquadra de navios franceses afundou por causa de um violento temporal na costa da Crimeia.

Os índios praticam a dança da chuva, é uma cultura respeitada por muitos povos. A dança da chuva é uma cerimônia de dança realizada por algumas tribos nativas da América do Norte, que pedem aos seus espíritos ou deuses para que enviem chuva. É mais comum entre os nativos do sudoeste dos EUA, que vivem em regiões mais secas.

A dança da chuva normalmente ocorre durante o plantio da primavera e nos meses de verão antes das plantações serem colhidas. A dança pede aos deuses ou espíritos para enviarem a quantidade certa de chuva na hora certa para garantir uma boa safra.

Alguns dos índios do sudoeste americano incluem a dança da chuva como parte do seu ritual religioso. As danças podem ser encontradas em outras culturas de diferentes partes do mundo, como no Antigo Egito, a Romênia do século XX e em países eslavos.

Como a chuva se encaixa na sua cultura? Qual a sua experiência com ela? 

Alguns trechos de frases a respeito do tema abordado

 

Ela já vem, branquinha, cheirando a água nova,

e a serra está clarinha, neblinando…

A chuva vem rolando, vem chiando,

e o vento assoviando

(Guimarães Rosa)

 

Pode chegar

O mundo lavar

Refrescar

Molhar

No telhado “barulhar”

Me faz relaxar.

Chuva, pode chegar.

(Welber Tonhá)

 

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,

Dizendo coisas que ninguém entende!

Da tua cantilena se desprende

Um sonho de magia e de pecados.

(Florbela Espanca)

 

Nem tudo é dias de sol,

E a chuva, quando falta muito, pede-se

(Fernando Pessoa)

Eu perdi o meu medo, o meu medo da chuva

Pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar.

Aprendi o segredo, o segredo da vida

Vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar...

(Raul Seixas)

 

Quando o português chegou

Debaixo duma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!

Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido

O português.

(Oswald de Andrade)

 

Ou se tem chuva e não se tem sol,

ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,

ou se põe o anel e não se calça a luva!

(Cecília Meireles)

 

Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.

Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver.

(Martin Luther King)

 

Em teu abraço eu abraço o que existe

a areia, o tempo, a árvore da chuva

E tudo vive para que eu viva:

sem ir tão longe posso vê-lo todo:

veio em tua vida todo o vivente.

(Pablo Neruda)

 

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Welber Tonhá e SilvaImortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09 | Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

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