A cada 24h, três casos de dengue são confirmados em Divinópolis
Primeiros meses de 2023 já superam todo o ano passado; internações e registros suspeitos também preocupam

Bruno Bueno
Os primeiros meses do ano já foram suficientes para acender o alerta sobre o mosquito Aedes aegypti. Dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) na tarde de ontem revelam que 195 casos de dengue foram confirmados desde o início de 2023.
A média de 3,3 casos por dia preocupa as autoridades sanitárias e levanta a hipótese de um contágio em massa. O alto número de hospitalizações também indica uma possibilidade de surto.
Números
De acordo com os dados, 475 pessoas procuraram unidades de saúde, hospitais e outros centros sanitários com sintomas da doença desde o começo do ano. O número revela uma média de 8 notificações por dia.
Além disso, 31 pacientes estão hospitalizados com sintomas da doença. Ainda segundo a Prefeitura, nenhum óbito foi registrado.
Hospitais
A assessoria do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) informou ao Agora que a instituição registrou 87 casos confirmados somente no mês de janeiro. Na última semana, 42 pessoas procuraram o hospital com sintomas da doença.
A reportagem questionou os números da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto, mas não obteve o quantitativo até o fechamento desta página, ontem às 18h.
Preocupante
Os dois primeiros meses do ano já foram suficientes para ultrapassar todo o quantitativo de casos confirmados de dengue no São João de Deus. Em 2022, foram 71 registros contabilizados. Em 2023, já são 92.
O diretor técnico do CSSJD, Eliseu Albertin Teixeira, explica os possíveis motivos do alto número de casos. O calor e as chuvas são as principais hipóteses.
— As chuvas proporcionam um maior volume de água nos terrenos, vasilhas etc. É o local ideal para a proliferação do mosquito. Juntando esses fatores (água e calor) há um aumento da população desse inseto e, logicamente, há maior chance de propagação da doença. Até dezembro nós estávamos com os números dentro da normalidade. Janeiro e fevereiro nos chamaram atenção — destacou.
O volume de pacientes atendidos no São João de Deus nos primeiros dois meses quase supera o total do ano passado inteiro.
Cuidados
Eliseu destacou os cuidados importantes que devem ser tomados pelos moradores.
— Evitar acúmulo de água, observar calhas das casas, vasilhames, pneu e outros recipientes. Isso começa dentro de casa, tendo em vista que o mosquito pode transitar e contaminar num raio de 100 metros. Como cidadãos, temos a responsabilidade de cuidar bem do nosso entorno. Chamar a atenção dos vizinhos com lotes vagos e objetos que possam acumular água — orienta.
O especialista também falou em quais ocasiões o paciente deve procurar um hospital.
— Casos extremos têm a ver, principalmente, com idades extremas. Elas são as mais preocupantes. Crianças de baixa idade e pessoas idosas são mais suscetíveis a ter complicações quando são acometidas pela dengue. Além disso, pacientes de qualquer idade que tenham comorbidade. Fragilizados por outra doença, o quadro do vírus pode evoluir — finaliza.
Prefeitura
Supervisor geral da Vigilância em Saúde Ambiental, Francis Sousa afirma que as ações de combate à epidemia são diárias.
— A Vigilância, através dos agentes, vem combatendo as endemias através das vistorias domiciliares, eliminando os focos encontrados e orientando a população com medidas de controle e combate à doença — destacou.
Ainda de acordo com o profissional, o efetivo de profissionais cresceu durante o período de possível surto.
— Foram intensificadas as ações de limpeza de imóveis de acumuladores - pessoas que armazenam grande quantidade de resíduos e materiais insensíveis. Além do bloqueio de transmissão nos quarteirões próximo aos casos notificados utilizando a bomba costal (fumacê) — acrescentou.
Surto?
A possibilidade de surto em Divinópolis começou em janeiro deste ano: 20 casos suspeitos de dengue foram registrados no bairro Santa Rosa nas primeiras quatro semanas.
— A Vigilância em Saúde ambiental direcionou cinco agentes para vistoriar todos os imóveis do bairro, realizando a eliminação dos focos encontrados e orientando a população a respeito das medidas preventivas para o controle da doença, além da aplicação do fumacê nos quarteirões — comentou a Semusa na época.
A Prefeitura divulgou, no fim daquele mês, o primeiro Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) de 2023. O estudo revelou situação de alto risco geral de epidemia de dengue no município. A coleta de dados aconteceu entre 9 a 13 de janeiro, quando 5.014 imóveis foram pesquisados. O indicativo foi de 11,3%. Considerando o LIRAa anterior, realizado pela Diretoria de Vigilância em Saúde Ambiental em novembro de 2022, o índice de infestação era de 3,7%.
Focos e Regiões
O levantamento também evidenciou que as regiões Nordeste, Norte e Central têm o maior índice de infestação. De acordo com a Semusa, 571 imóveis com focos foram encontrados durante a pesquisa.
— A maioria dos focos foram eliminados pelos agentes de saúde durante a vistoria. Os reservatórios foram tratados com larvicida e notificados pela fiscalização de Vigilância Ambiental — explica.