A cada 10 dias, um acidente de trabalho é registrado em Divinópolis

Levantamento mostra números preocupantes; especialista fala sobre cuidados

Bruno Bueno

Divinópolis tem média de um acidente de trabalho a cada 10 dias. O levantamento feito pelo Jornal Agora com dados do Ministério da Saúde (MS) — disponibilizados pela Prefeitura — mostra que sete pessoas morreram entre 2020 e 2023 em ocorrências deste tipo na cidade.

Ao todo, 119 acidentes foram registrados no período.

Números

Os dados mostram que Divinópolis registrou números preocupantes em 2023. A cidade contabilizou mais do que o dobro de ocorrências em comparação ao ano anterior. Os levantamentos são realizados desde de 2020. 

Veja o número de ocorrências por ano:

  • 2020: 11 acidentes;
  • 2021: 4 acidentes;
  • 2022: 30 acidentes;
  • 2023: 74 acidentes.

Mais dados

Os números ainda detalham o tipo de vínculo empregatício que os trabalhadores tinham no momento do acidente. 81 eram registrados e 19 estavam em formato autônomo. Mais da metade dos acidentes foram registrados em instalações do contratante. 32 casos foram contabilizados em via pública. 

21 vítimas ficaram incapacitadas temporariamente. Uma registrou incapacidade parcial e outra incapacidade permanente. 92 registros foram contabilizados durante o exercício da função e 25 no trajeto para o trabalho.

A reportagem ainda apurou que as ocorrências acontecem normalmente na parte da manhã e da tarde. Os membros superiores são comumente os mais atingidos. A maioria dos profissionais tinha entre 31 e 60 anos. Grande parte, menos de cinco anos de função. 

Duas vítimas estavam nos primeiros 10 dias de trabalho.

‘Inadmíssivel’

Diretora da SEG Consultoria e especialista em segurança do trabalho, Nathália Santos considera inadmissível que trabalhadores percam a vida em ambientes empregatícios.

— É necessário investir na capacitação dos trabalhadores. Não tem como as empresas sobreviverem sem a promoção, sem essa promoção da cultura do conhecimento dos trabalhadores em termos de segurança e saúde — explica.

Os acidentes de trabalho sempre foram um desafio para a humanidade. Por isso, Natália acredita que a aprimoração das empresas e dos colaboradores é essencial.

—  As pessoas que estão envolvidas, inseridas nesse processo, que são os colaboradores, precisam ter conhecimento, precisa entender e principalmente praticar as medidas de segurança necessárias, suficientes e adequadas para a neutralização desses riscos, desse cenário de risco que a cada dia se apresenta de uma maneira diferente — comenta a diretora.

Investimento

A especialista defende o treinamento constante dos trabalhadores.

— Não tem como as empresas sobreviverem sem a promoção da cultura do conhecimento dos trabalhadores em termos de segurança e saúde. Passa por uma questão cultural específica. Acidentes acontecem porque não houve uma análise de risco aprofundada e suficiente para bloquear as ações — pontua Nathália Santos.

Identificar os riscos também é essencial.

— É preciso identificar os riscos para conhecer o potencial e definir medidas de controle. E, por fim, de nada adianta se o homem, o principal responsável ali no ambiente de trabalho, não estiver treinado e capacitado — esclarece.

Ocorrências

O Corpo de Bombeiros atendeu nesta semana uma ocorrência parecida no bairro Icaraí, também em Divinópolis. Uma mulher ficou presa em uma máquina. A vítima de 62 prendeu o braço em um enrolador de mangueira.

Segundo o órgão, a mulher estava consciente, mas seu braço estava preso na máquina mesmo após desligar o equipamento. Ela também tinha uma fratura exposta no punho. A perícia da Polícia Civil esteve no local para investigar as circunstâncias do acidente.

No começo do ano, um trabalhador de 45 anos ficou em estado grave após cair de uma altura aproximada de três metros em uma empresa no bairro Santo Antônio, em Divinópolis.

No local, a equipe do Samu averiguou que o homem estava inconsciente, com traumatismo cranioencefálico (TCE) grave. O trabalhador recebeu os primeiros atendimentos, foi imobilizado e levado para a Sala Vermelha do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD).

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