‘Raiz de salsa’

Editorial 

A salsa é uma erva medicinal cheia de vitaminas, sais minerais e outras substâncias importantes para o corpo. Ajuda na digestão, é boa para os rins, na imunidade e reduz inchaço, entre inúmeros outros benefícios. Além disso, suas ramas dão um sabor diferenciado em diversos pratos servidos em todas as regiões brasileiras. Só tem um problema: sua raiz, que também é muito utilizada, especialmente em chás, é frágil, instável e fácil de ser batida. Basta puxar duas ramas das folhas que ela se solta inteira. E o que tem isso a ver com este espaço e o atual momento?

Tudo. Afinal, em ano eleitoral, como este atípico 2020, o que não faltam são candidatos “raiz de salsa”. Sem história, frágeis nos nas propostas e nos atos, não têm consistência nos atos, uma hora falam uma coisa, em outra já mudam completamente. Como confiar, apostar e, principalmente, acreditar? As opções são muitas, é verdade. Mas, cá para nós, tem muita gente se aproveitando do atual momento – nunca vivido no país, sobretudo, em se tratando de ano eleitoral – para explorar a também fragilidade da população.

O que não é novidade, visto que não é de hoje que muitos políticos espertos – estes, ao contrário da salsa, enraizados – usam de situações como esta para continuar ludibriando o povo, que em sua maioria, infelizmente, ainda não se deu conta do quanto é enganado, ou sabe e se finge de cego e surdo para se beneficiado com alguma “esmola” de dois em dois anos. E assim a vida segue seu fluxo normal, elegendo os mesmos dos mesmos e as mazelas nem mudam de endereço, só crescem de forma desenfreada. Por isso, mais do que nunca, 2020 precisa entrar para história. Porém, não somente por ter sido diferente e capaz transformar muitas pessoas, seja de forma positiva ou negativa. Mas que sirva, maiormente, para dar um basta. Um verdadeiro “chega para lá” nos manipuladores, egoístas, interesseiros, cínicos e covardes “politiqueiros”.

Àqueles que usam seus cargos para seus interesses pessoais e de terceiros, para obter benefícios de alguma forma, usar a população como trampolim e, sobretudo, enriquecer de forma ilícita. O que significa tirar dos mais carentes a educação, a saúde, a segurança e até a comida.  Do pobre, porque é este que paga com seu dinheiro suado suas contas e seus impostos em dia e, em contrapartida, o que deveria receber para o mínimo de sua sobrevivência, vai para os bolsos alheios, ou melhor, de quem não precisa. Isso porque, mesmo não surrupiando o dinheiro alheio, já ganham o suficiente para uma produção que deixa a desejar, além de terem, é claro, mordomias a perder de vista.  Uma aberração. No entanto, não adianta repetir aqui essa mesma história ou em outro espaço, milhões de vezes, se a população que escolhe seus representantes não se der conta disso.  Não é à toa que no Brasil a relação entre reeleição e corrupção não é distinta.

O país registrou em estudo apresentado nos últimos anos um montante de mais de R$ 60 bilhões desviados de recursos públicos. Dinheiro que ergueria centenas de hospitais, escolas e moradias, que levaria saneamento básico, entre outras necessidades. Ou seja, o que esse povo sofrido e carente vive a anos luz. O que isso quer dizer? A roubalheira pública, os interesses próprios acima de tudo, a disseminação da impunidade e o nepotismo estão enraizados, e cada vez maiores, em um sistema político corrompido que não se renova. A cada processo eleitoral, que também custa milhões aos cofres públicos,são reeleitas as mesmas pessoas que perpetuam este processo viciante e vergonhoso. Por que isso acontece? Porque é fácil demais enganar o povo que se acostumou e acomodou com a situação. E cabe a quem por um ponto final neste descalabro? Fica a pergunta.

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