'Preferia que me cortassem no lugar', afirma morador sobre poda de árvore na Praça do Mercado

Objetivo são obras de revitalização; Prefeitura afirma que galhos retirados estavam próximos de cair

Bruno Bueno

A queda de parte de uma longínqua árvore, ocorrida na última quarta-feira, 4, na Praça do Mercado, continua dando o que falar em Divinópolis. A planta, que segundo moradores existe há mais de 50 anos, sofreu uma poda radical. As obras fazem parte do “Adote um Bem Público”, parceria público privada (PPP) entre a Prefeitura Municipal e a empresa Martins Empreendimentos.

Com a repercussão do ocorrido, o Agora recebeu, na tarde de ontem, um antigo morador do município que afirmou estar revoltado com a severa poda da árvore. José Pedro de Medeiros Campos, de 77 anos, vive em Divinópolis desde 1946 e trabalhou a vida toda como professor e engenheiro agrônomo. 

Revoltado, o morador disse que preferia ter sido cortado no lugar da árvore.

Tristeza

À reportagem, o morador relatou a profunda tristeza que sentiu com a poda da árvore. Relatou que há pelo menos 50 anos passava pelo local para contemplar a beleza da árvore.

— Eu fiquei muito triste. Eu moro em Divinópolis há 75 anos e lembro dessa árvore no local há pelo menos 50. Adorava a sensação de passar pela praça e ver aquela obra da natureza. É como se um homem ou uma mulher bonita tivesse as pernas e os braços decepados — disse.

O idoso também afirmou que a árvore não causa prejuízos a ninguém e, por esse motivo, não entende quais razões levaram à queda de grande parte dela.

— Foi uma ignorância violenta. Aquela árvore não causava nenhuma deformidade à praça. Um profissional capacitado tinha que ter feito um trabalho mais cuidadoso, delicado e que buscasse outras soluções para realizar as obras e não cortar a árvore — afirmou.

Culpados

O engenheiro também apontou alguns possíveis culpados da, segundo ele, injusta poda da árvore. Para José, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) deixou de exercer o papel de fiscalização, bem como o prefeito Gleidson Azevedo (PSC).

— Todo mundo tem sua culpa. Eu cito o Crea, porque para fazer qualquer coisa com eles “precisa pedir benção e pagar taxas”, mas, quando precisa, eles não ajudam. Eu não tenho nada contra o prefeito, inclusive ele me tratou superbem em uma oportunidade, mas não posso isentá-lo da culpa — salientou.

Ainda segundo José, a falta de participação popular foi determinante. O morador disse que, se ele estivesse no local, isso não teria acontecido.

— A população do local também poderia ter feito alguma coisa. Se eu tivesse na hora, não tinha deixado aquilo acontecer. Para ser sincero, eles iam ter que me cortar primeiro para depois cortar a árvore. Eu ia preferir se fosse assim — ressaltou. 

Martins Empreendimentos

O Agora procurou representantes da empresa Martins Empreendimentos, responsável, juntamente com a Prefeitura, pela obra de revitalização.

A empresa informou que a poda da árvore foi realizada pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), e não pela Martins Empreendimentos. A reportagem não conseguiu contato com representantes do Crea, locais. 

Prefeitura

À reportagem, a Prefeitura respondeu que realizou a poda por entender que galhos da árvore estavam perto de cair.

— Aconteceu uma poda rotineira. Retiramos galhos que estão na eminência de cair, principalmente pelo período de chuva. Fizemos isso para o próprio desenvolvimento dela — disse.

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