É preciso ouvir

É preciso ouvir 

Todos já estão cansados de saber que durante uma campanha eleitoral milhares de promessas são feitas e, depois da posse, por diversos fatores, nem ¼ é cumprida. Esse comportamento já é cultural no Brasil e está longe de mudar. Passa ano, entra ano, vai eleição, vem eleição, a situação é exatamente a mesma. Em Divinópolis, óbvio, não é diferente. Durante a disputa pelo cargo de prefeito da cidade, os candidatos fizeram diversas promessas.  O vencedor, Gleidson Azevedo (PSC), também. Entre elas, que o seu governo seria do povo, que ele, a sua vice, Janete Aparecida (PSC), e seu secretariado estariam de portas abertas para a população, para aqueles que os elegeram. No início do seu mandato, Gleidson chegou a montar uma tenda na rua São Paulo, no quarteirão fechado, e prometeu que estaria lá uma vez na semana para ouvir as demandas do povo, aquele seria o seu “gabinete de rua”.  Por enquanto, ficou na única vez, mas o povo deseja ser ouvido, como prometido.  

Alguns meses depois de sua posse, a sensação que se tem é que o prefeito se fechou um pouco em relação a ouvir as demandas da população. O chefe do Executivo, por exemplo,  se nega a realizar uma audiência pública para debater a aplicação do recurso da Vale, no valor  de R$ 15 milhões – destes, R$ 6 já chegaram à cidade. Além de não ouvir a população nesse encontro que  seria  na Câmara, o prefeito “bateu o pé” que vai investir a verba em apenas calçamento. Louvável, afinal, muitas ruas precisam dessas melhorias, porém, a situação se torna um pouco contraditória, visto que não só de asfalto e calçamento se vive um povo. O cenário torna-se mais adverso ainda quando pega-se a principal promessa de campanha de Gleidson Azevedo: dar voz ao povo. Ouvir a população, como ele mesmo disse diversas vezes, seria o diferencial do seu governo. 

É fato que várias ruas espalhadas pela cidade, inclusive no Centro,  precisam de infraestrutura, mas é verdade também que existem outras demandas e não há outra forma melhor de se aplicar o dinheiro público de forma responsável e eficiente do que ouvindo aqueles que estão ali, vivendo uma realidade, que muitas vezes pode ser cruel. Ouvir, dialogar, escutar, talvez esses sejam os principais pilares para uma gestão democrática. Só a população sabe onde o “calo dói” de verdade. Só o povo sabe apontar com precisão onde um recurso público pode ser bem investido. Fechar os ouvidos, neste momento, talvez não seja o melhor caminho para aquele que disse em “alto e bom tom” que trabalharia lado a lado com o povo. Quando se pega a história de Divinópolis, o que se pode notar é que os prefeitos que mais investiram em infraestrutura na cidade estiveram abertos ao povo e deixaram não só legados em asfalto, pontes e calçamentos, mas também em Saúde e Educação. 

A política vive em um momento em que não dá mais para os representantes, após serem eleitos, não se abrirem para o diálogo, para aqueles que os elegeram. Asfalto, calçamento é muito bom, mas nada supera o diálogo, uma boa conversa e entender a realidade daqueles que muitas vezes não têm voz. 

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