'Politicagem' não!

'Politicagem' não!

 A semana começa com a expectativa  da primeira oitiva na CPI da Educação. E a estreante é a ex-secretária de Educação, Andreia Dimas, principal peça nesse quebra-cabeça. Afinal, como responsável pela Secretaria Municipal de Educação, esteve à frente das compras de diversos materiais adquiridos pela pasta para a distribuição às escolas do Município. A suspeita é de superfaturamento na aquisição de itens para se atingir a meta estipulada por lei para evitar que o prefeito respondesse por improbidade administrativa. Foram gastos cerca de R$ 30 milhões. As denúncias foram feitas pelo vereador Ademir Silva (PSDB) – e agora ganhou outros pais, afinal, o filho é lindo –, e, por isso, foi instaurada a Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as possíveis irregularidades. Claro que toda contribuição que vier, especialmente por parte de colegas de legislatura, é bem-vinda, o que é inadmissível é fazer "politicagem" em cima de um assunto tão sério que afeta tanta gente, inclusive a população. 

'Se vira’

Se tem um fato nessas apurações na Educação em que a maioria concorda é que: apesar de Andreia ser a chefe da pasta, não pode responder sozinha por essa "incapacidade de gestão" ou falta de experiência, como queiram. A coluna teve uma informação exclusiva de que o procurador do Município, por exemplo, chegou com o documento em que constava o prazo curto para efetivar os gastos e exigiu da secretária: "se vira com isso, senão, o prefeito será  cassado"! Imagina a pressão e o desespero de uma pessoa com um "pepino" desse nas mãos para resolver.  Primeiro que, se deixou  chegar a esse ponto, o relaxamento não foi somente da Educação. Cadê as secretarias de Administração e Governo? A responsabilidade das ações específicas é de cada pasta, isso é fato. Mas o trabalho para a engrenagem dar certo é de todo mundo, inclusive do prefeito, que deveria ser prontamente informado pelos seus comandados sobre a situação. Vale lembrar que, se foram escolhidos por ele ou pela vice para ocupar cargos de confiança, como o próprio nome diz, deixar algo sair assim do controle, sinceramente, pode ter tudo, menos lealdade. 

Suspeita de cartel 

Antes da oitiva que ouvirá Andreia Dimas, a comissão na Câmara já analisa um amontoado de documentos recebidos da Prefeitura na última quinta-feira. O prazo para entrega era esta semana, mas chegaram antes, possibilitando, assim, análises antes dos interrogatórios. No mesmo dia, próxima sexta-feira, 27, prestam esclarecimentos à CPI o procurador Sérgio Mourão e o secretário de Administração, Tiago Nunes. Além do superfaturamento na aquisição dos produtos, serão questionados ainda sobre as empresas participantes das atas aderidas pela Prefeitura, pois, além de tudo, existe a suspeita de formação de cartel. Uma palinha que está na comissão detalha a composição societária das empresas, como sócios mútuos e “dono de uma como sócio da outra”. Se, de fato, proceder, pode configurar em uma falsa concorrência entre as fornecedoras. Haja tempo para se explicar uma situação tão controversa, se é que tem explicação!

Mansões/empresas?

Para complicar ainda mais as suspeitas sobre as empresas fornecedoras dos materiais, nos lugares onde constam seus endereços, em alguns não há nada em atividade, em outros, mansões situadas nos locais mais caros de Belo Horizonte, por exemplo. Em uma ida pessoalmente a um dos endereços, um dos membros da CPI chegou à Pampulha, zona nobre da capital mineira. No mínimo, duvidoso.  Por que uma pessoa colocaria o endereço de uma empresa, tida como grande distribuidora, como o endereço luxuoso de onde mora? São pontos que precisam ser esclarecidos, pois, se a Prefeitura foi vítima desse tipo de empresário, faltou uma iniciativa crucial em uma compra com valor tão significativo: pesquisa. Especialmente, por se tratar de dinheiro público. 





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