‘Lucro estimado é de R$ 3 milhões por mês’, diz perito sobre a organização que falsificava sabão em pó

Quase 300 toneladas foram apreendidas; policiais vão focar em encontrar outros envolvidos

Da Redação

Aproximadamente 300 toneladas de sabão em pó falsificado foram apreendidas na tarde desta segunda-feira, 14, em operação deflagrada pela Polícia Civil (PC). Além do produto, seis caminhões, três empilhadeiras, três esteiras de produção e milhares de caixas de papelão falsificadas foram encontradas em galpões de três cidades diferentes: Divinópolis, Itaúna e São Gonçalo do Pará.

Segundo informações da PC, as investigações começaram há alguns meses e na operação de segunda, uma pessoa foi presa.

Durante coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira,5, a PC deu mais detalhes sobre o caso e informou sobre os objetivos após essa grande apreensão, que segundo o delegado João Marcos do Amaral Ferreira, é uma das maiores desse tipo de material ocorrida no Brasil.

Histórico

Não é a primeira vez que uma ação policial apreende grandes quantidades de sabão em pó falsificado na região. Em 2021, três ações como essa foram realizadas com êxito em Nova Serrana.

— Em Nova Serrana, na época, foram apreendidas quantidades significativas de sabão em pó falsificado, aproximado de 80 toneladas em três apreensões diferentes — informou o chefe do 7º Departamento da Polícia Civil, delegado Flávio Tadeu Destro.

Investigações

Após as ações em Nova Serrana, a PC deu continuidade ao trabalho investigativo, que resultou na descoberta desses três galpões em Divinópolis e São Gonçalo do Pará e na apresentação de mais de 250 toneladas de sabão falsificado.

De acordo com o delegado Wesley Amaral de Castro, trocar o galpão de cidade após as operações policiais em Nova Serrana foram uma estratégia da organização criminosa.

— Estima-se que pelo menos 30 pessoas participavam dessa produção. Todas essas são oriundas de Nova Serrana, para que ninguém de São Gonçalo do Pará tivesse conhecimento dos fatos, o que dificultaria a atuação das policiais — disse.

Ainda segundo o delegado, uma pessoa foi presa.

— O suspeito de ser o gerente do galpão de estocagem foi preso e teve sua prisão identificada pelos crimes de falsificação de produtos destinados a saneamento, lavagem de dinheiro e organização criminosa — informou.

 

Próximos passos

Ainda segundo o delegado Flávio Destro, mesmo após a apreensão de todo o material, as investigações continuam.

— A Polícia Civil vai buscar a identificação dos receptadores, ou seja, aqueles que estão levando esse produto falsificado até o consumidor — declarou.

O delegado João Marcos informou ainda que a situação envolve um esquema com várias pessoas e esse será o foco da Polícia Civil a partir de agora.

— É um produto falsificado, mas existe a produção, distribuição, receptação e exposição do produto para o consumidor. Então há uma cadeia grande que precisa ser identificada, com pessoas envolvidas sabendo que se trata de material falsificado. Elas serão responsabilizadas, de acordo com o seu envolvimento — disse.

Produção

Segundo o perito Carlos Eduardo Leal, nos três galpões encontrados, as investigações concluíram que, enquanto o local em Divinópolis recebia a mercadoria, nos outros dois, em São Gonçalo do Pará, eram realizados todos os processos de evasão do produto.

— O galpão em Divinópolis estava recebendo a mercadoria fracionada em big bags [espécie de contentor flexível e resistente, usado para armazenar e transportar produtos], onde cada um pesava cerca de 700kg.  Para o galpão localizado em São Gonçalo do Pará, dois caminhões com 21 big bags eram transportados e colocados na embalagem. A produção era diária, de 30 toneladas — informou.

Lucro

O perito, durante a coletiva, apresentou um valor estimado dos lucros obtidos pela organização criminosa.

Segundo Leal, considerando o preço médio de uma embalagem de sabão em pó, que custa entre R$ 11,00 e R$ 12,00 e que provavelmente, a organização comprava o sabão à R$1,30/kg, vendendo para uma distribuidora a R$ 6,00, que é a metade do preço do mercado, o lucro líquido seria em torno de 40%.

— A produção era de 30 toneladas e a embalagem tem 800g. Temos então a produção de 37.500 unidades diárias.  Com esse lucro de R$ 2,40, a média de lucratividade liquida é de R$ 90 mil por dia. Se considerarmos um mês, eles teriam uma média de quase R$ 3 milhões em lucros líquidos — estimou.

Qualidade do produto

O perito informou que, visualmente, para o consumidor, não seria possível diferenciar entre os produtos originais e falsificados. Porém feita uma análise policial, alguns detalhes que distinguiram os dois produtos foram encontrados.

— Se a gente verificar as embalagens e olhar o produto a olho nu eles são idênticos. Mas, olhando microscopicamente a embalagem da impressão, elas tem uma diferença. Uma é feita por impressão a lazer e outra é o que chamamos de impressão offset, ou seja, uma apresentada alguns borrados e outras não — informou.

Durante a coletiva, o perito fez um experimento para simular uma lavagem de roupa com os dois produtos. Com uma gaze representando a roupa suja  foi notado que aquela que entrou em contato com  o sabão em pó falsificado não tinha a mesma qualidade do original.

— Colocando ambos os produtos, com a mesma quantidade no recipiente, foi observado que, enquanto o original a roupa estaria branca, o produto falso mantém a roupa encardida — alertou.

 

 

 

 

 

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