‘Ganhar o título’

‘Ganhar o título’ 

Divinópolis sem sombra de dúvidas pode ser eleita – de olhos fechados – como a “Cidade de CPI”. Em legislaturas passadas, a “ferramenta” só era utilizada pelos vereadores em casos excepcionais e que necessitavam de investigações mais profundas, digamos assim. Mas isso também não era sinônimo de resolutividade. Porém, da legislatura passada para esta, a Comissão Parlamentar de Inquérito virou um instrumento de “politicagem”, pode-se assim dizer. É CPI em cima de CPI  – e solução mesmo, nada! É tanta instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito que, além de o divinopolitano perder as contas, elas “trombam” na Câmara, como no caso da CPI da Educação e do Hospital Público, com agendas nesta semana. É como já foi dito em outras ocasiões: se a população de Divinópolis achava que a legislatura passada era a pior já eleita na cidade, a atual está caminhando para “ganhar o título”. 

Além de protagonizarem cenas lamentáveis de ataques entre si, de não terem articulação política e de (alguns) vereadores terem transformado seus gabinetes em “puxadinhos”, os atuais parlamentares caminham para se igualar no número de CPIs instauradas sem solução. A grande verdade é que está cada dia mais claro que o povo não paga para ter representante no Poder Legislativo, mas, sim, “fazedores” de vídeo, de dancinha, de shows em parlamento e de discursos rasos. Em resumo, que precisam do Executivo para conseguir uma obra aqui, um asfaltamento acolá, uma reforma de lá e por aí vai. Mas a grande questão envolvida hoje é: será que agora vai? Será que, apesar de estar caminhando para ser igual ou pior à legislatura passada, os atuais vereadores conseguirão um grande feito? Conseguirão entregar pelos menos uma CPI que aponte as irregularidades e que – o mais importante – mostre os culpados e a solução para o problema? 

Será que desta vez o povo divinopolitano se sentirá verdadeiramente representando? Desde que vieram à tona as denúncias acerca das supostas compras superfaturadas feitas pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), o que mais se ouviu falar foi em “responsabilidade com o dinheiro público”. E nesse ponto ninguém, mas absolutamente ninguém discordou. Mas instaurar CPI, criar expectativas em uma população que já está cansada de ser feita de palhaça e a Comissão simplesmente não dar em nada, isso, além de ferir o princípio da moralidade, fere o princípio da eficiência, que nada mais é o dever do servidor público – um vereador em exercício é um servidor público – de atuar a fim de oferecer o melhor serviço possível preservando os recursos públicos. Ou seja, a administração pública deve sempre priorizar a execução de serviços com ótima qualidade, respeitando os princípios administrativos e fazendo uso correto do orçamento público, evitando desperdícios.

E, caso muitos não saibam, uma CPI custa dinheiro público. Um vereador custa dinheiro, e dinheiro do povo. Povo este que está agora sentado esperando minimamente respeito e uma resposta. Porque instaurar CPI é fácil, difícil é apontar e provar as irregularidades, e mudar o cenário desta cidade, há muito carente de bons representantes. 

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