‘Foi a própria gestão que pediu para investigar’, diz Gleidson sobre afastamento de servidores

Prefeito afirma que, após receber denúncias, solicitou a reabertura do inquérito junto ao Ministério Público

 

 

Bruno Bueno

A operação ‘Saracura’, desencadeada na manhã desta terça-feira pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Gaeco e apoio da Polícia Militar (PM) teve participação decisiva da atual Administração. Pelo menos foi o que revelou em entrevista ao Agora, no fim da tarde de ontem, o prefeito Gleidson Azevedo (PSC).  O chefe do Executivo contou que o pedido para a reabertura da investigação  que levou ao afastamento de oito servidores da Prefeitura foi feito em janeiro por membros do seu governo. Segundo relatório da investigação, que começou em 2019, os profissionais que trabalhavam como fiscais de obras da cidade são suspeitos de praticarem crimes de corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações e associação criminosa. Nove mandados de busca e apreensão também foram cumpridos.

Gleidson Azevedo disse ainda que o inquérito estava arquivado e sua gestão decidiu solicitar a reabertura após diversas denúncias de engenheiros da cidade.

—  Na campanha do ano passado, recebemos denúncias de engenheiros de Divinópolis dizendo que sempre houve esse “cafezinho” na Prefeitura. Quando tomamos posse, em janeiro deste ano, pedi a Janete que ela solicitasse ao MP a reabertura — afirmou.

 

Processo

O chefe do Executivo também ressaltou a abertura de um processo.

— Vamos abrir um processo administrativo para apurar a situação. Vai caber à Justiça decidir se eles são inocentes ou não. Isso é necessário para valorizar grande parte dos servidores que estão no Executivo, são trabalhadores honestos e não podem pagar por essas “laranjas podres” — afirmou.

Gleidson não soube dizer se as possíveis irregularidades dos servidores foram cessadas quando ele assumiu.

— A gente sempre teve denúncias durante a campanha. Neste mandato, era só boato e especulação de anos anteriores, mas não consigo afirmar se teve nessa atual gestão. O inquérito vai dizer se as irregularidades cessaram neste período  — explicou.

 

Detalhes

Os fiscais, de acordo com o MPMG, atuavam na  Diretoria de Cadastro, Fiscalização e Aprovação de Projetos, vinculados à Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente. A investigação, que tramitou na 2ª Vara Criminal, monitorou os suspeitos por meio de interceptações telefônicas.

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa dos oito servidores e no escritório de um deles. A ação visou à coleta de documentos, agendas, computadores, equipamentos informáticos e aparelhos celulares vinculados às pessoas. Os suspeitos foram afastados por 180 dias, mas podem continuar trabalhando em outros cargos, desde que a nova função não esteja na área apurada pela investigação.

 

Prefeitura

Em nota, o Executivo informou que está cumprindo o que foi solicitado pelo MPMG.

— O Município já foi formalmente notificado da decisão proferida pelo juiz da 2ª Vara Criminal e dará imediato cumprimento, registrando pronta colaboração com as investigações, franqueando livre acesso ao Ministério Público e à Polícia Judiciária para quaisquer diligências que porventura devam ser executadas nas dependências da Prefeitura, inclusive, com acesso irrestrito a computadores e/ou documentos, almejando completa apuração dos fatos — ressaltou.

A Prefeitura também relatou que repudia as possíveis irregularidades feitas pelos servidores.

— A gestão municipal registra, por oportuno, sua repulsa a qualquer ato de irregularidade, sobretudo, relativos à corrupção funcional, prezando sempre pela retidão, eficiência, transparência, moralidade e ética na conduta de todo e qualquer agente público, cujas premissas não configuram uma faculdade, mas sim um dever constante e inerente à função pública e ao respeito a usuários dos serviços administrativos — concluiu.

 

MP

Em nota divulgada, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) detalhou os participantes da operação que terminou com o afastamento dos servidores.

— A operação contou com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/Divinópolis) e da Polícia Militar (PM).  Dois promotores de justiça, cinco servidores do MPMG e 37 PMs. As suspeitas são de recebimento de vantagem indevida para falsear relatórios de vistorias, evitar autuações, agilizar aprovação de projetos, entre outros — salientou.

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