À custa de quem?

Da Redação

Quem nunca ouviu a frase: “No Brasil, o ano só começa depois do Carnaval”. Não para a maioria que, ultimamente, “tem vendido o almoço para comprar a janta”! Mas, muita gente ou está pegando no batente para valer a partir de hoje ou só na próxima segunda-feira. Injusto? Talvez. Muitos trabalham dia e noite ou lutaram a vida toda para ter este privilégio. Outros fazem o mesmo, mas a custa do dinheiro de quem não pode parar um dia sequer, sob o risco de até faltar comida em casa. Desigualdade e covardia tamanhas por parte de quem é desprovido de sentimentos, mas que jura amor eterno quando vai atrás dos votos das pessoas que lhes proporcionam essa mordomia. Acordaaaa, Pedrinho! Aliás, neste caso, João, Antônio, Carlos, Maria, Fernanda, Amélia, Romeu, Ester... 

Apenas desculpa 

Entende-se que janeiro e parte de fevereiro é o período das férias escolares, dos recessos parlamentares e muitos órgãos governamentais funcionam praticamente pela metade. Logo depois vem o período marcado tradicionalmente pelos pré-carnavais e a sua data principal que dura, cinco dias. Até já se passaram quase dois meses do ano, com contas chegando — porque os órgãos param, mas os boletos continuam chegando —, materiais para comprar, alimentos, ou seja, vida que segue. Então, essa história de só começar depois do carnaval, é apenas uma desculpa para postergar as obrigações ou jogar nas costas dos outros. Atitude, aliás, muito comum entre os brasileiros. 

Abuso e covardia 

Apesar das comemorações da festa de momo por todo País, cada lugar a seu modo, sem dúvida, o que ficará marcado neste período, o qual o brasileiro tira para se divertir, foi a tragédia no litoral Norte de São Paulo. Enquanto uns se divertiam na noite de sábado, dezenas de moradores de cidades que compõem aquela região, gritavam, corriam, pediam socorro ou morriam. Uma catástrofe terrível, como tantas outras registradas no Nordeste, em Minas Gerais, mas em especial no Rio e São Paulo, onde existem muitas áreas montanhosas, perigosas e habitadas irregularmente. Nem todas é claro, pois muitas têm a conivência das autoridades responsáveis. Porém, a tragédia em si, fica mais catastrófica, quando em meio a tanto sofrimento aparecem aproveitadores inescrupulosos vendendo um litro de água por R$ 93 ou ricos da mesma índole cobrando até R$ 30 mil em uma viagem de helicóptero de volta para casa. Como exigir um caráter ilibado dos representantes políticos se a safadeza está impregnada no meio do povo de onde eles saem? Sinceramente, é desolador e o sentimento é de desânimo. 

Socorro às vítimas 

E essa ocorrência no litoral de São Paulo que culminou na morte “de tantas vítimas do descaso público”, não foi a primeira e, certamente, não será a última. Foi pensando  neste tipo de situação, que o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), braço direito do presidente Lula em Minas Gerais, criou o que cria o Fundo para Prevenção e Socorro para vítimas de grandes desastres. No entanto, a proposta está parada há um ano na Comissão de Desenvolvimento Regional e Integração Nacional da Câmara. Ele disse neste feriado que vai pedir ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) para pautar sua proposta.  O Fundo pode auxiliar no socorro de pessoas atingidas por desastres em períodos chuvosos, como em São Sebastião e demais cidades no litoral paulista. Sem dúvida, a cobrança chega em boa hora. Se deixar passar o calor do momento, vai esquentar gaveta novamente por um ano ou mais, até a próxima tragédia.

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