[CRÔNICAS DEMOCRÁTICAS] Divinópolis e o desafio de escolher candidatos a deputado

A convite do Agora, o analista político resume de modo didático critérios simples e fáceis de seguir por quem deseja um voto esclarecido

Márcio Almeida Jr.

É grande demais o número de candidatos a deputado estadual e federal até agora confirmados em Divinópolis? A pergunta, que a cada eleição se repete, deve ser respondida com um óbvio “sim”. Também é óbvio que entre os postulantes não existem apenas os sérios: ao lado destes há os que têm como proposta apenas a vontade de ocupar o cargo ou satisfazer seu ego, assim como há os que, tendo uma proposta consistente, não estão articulados, em termos de logística de campanha ou de maturidade política, para captar votos em quantidade necessária à sua eleição.

É preciso, porém, ir além do já surrado clichê de dizer a cada pleito que nunca se viu número tão grande de pessoas participando da disputa. Partindo das ideias de que limitar o número de candidatos depende da legislação eleitoral e de que tal limitação não parece ser de interesse dos partidos e federações, o máximo que se pode esperar de modo realista é que o eleitor e a eleitora saibam votar com discernimento, impedindo que a pulverização excessiva de votos comprometa a possibilidade de eleger representantes do município na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal.

Mas o que é votar com discernimento em candidatos ao Legislativo? Primeiro, não se deve votar em troca de favores pessoais prometidos pelos candidatos ou deles recebidos. Segundo, não se deve votar por impulso emocional decorrente de mera simpatia ou de alguma proximidade de caráter pessoal em relação aos candidatos, desacompanhada da análise do que eles propõem. Terceiro, é preciso analisar o passado dos candidatos, tanto dentro da política, se eles têm experiência anterior, quanto fora dela. E, quarto, é preciso avaliar se eles têm viabilidade eleitoral.

O quarto critério merece cuidado. Não se trata de dar voto útil escolhendo candidatos pela aparência de vitória que seu marketing de campanha difunde ou por eventuais resultados de pesquisas eleitorais, que são retratos de momentos e não previsão infalível de resultados. Trata-se de avaliar se os candidatos têm uma atuação orgânica que os projete, em um ou mais segmentos sociais, para além da sua bolha de amigos e conhecidos. Trata-se, ainda, de saber se têm uma proposta com fôlego suficiente para ir além de sua cidade, pois eleições para deputado são projetos regionais.

Como não há nomes perfeitos, os quatro critérios exigem que o eleitor e a eleitora façam cruzamentos para determinar os melhores candidatos possíveis em cada contexto. Assim, tanto há os que, tendo bom passado nas vidas pública e privada, não parecem ter viabilidade eleitoral, quanto os que, aparentemente viáveis, não são recomendados por seu passado. E é preciso lembrar que experiência política não é critério absoluto, pois a democracia supõe renovação periódica, como é preciso lembrar que a busca de renovação não precisa levar à substituição de bons deputados.

 

Márcio Almeida Jr. é professor, jornalista e analista político do Agora.

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