Vergonha VAC

Domingos Sávio Calixto

A “Organized Crime and Corruption Reporting Project” (OCCRP) é uma organização internacional formada por jornalistas especializados em reportagens investigativas e que atua na abordagem independente das práticas de corrupção no mundo. Esse consórcio de jornalistas elegeu Jair Bolsonaro como o CORRUPTO DE 2020, superando Donald Trump (EUA) e Tayyip Erdogan (Turquia), baseado no seguinte: “Eleito após o escândalo da Lava Jato como candidato anticorrupção, Bolsonaro se cercou de figuras corruptas, usou propaganda para promover sua agenda populista, minou o sistema de justiça e travou uma guerra destrutiva contra a região da Amazônia que enriqueceu alguns dos piores proprietários de terra do país”. 

É claro que tal escolha deveria encher de vergonha o Brasil e os brasileiros, exatamente porque o fenômeno da corrupção somente pode operar de forma institucional, ou seja, o Brasil foi eleito indiretamente como o grande sistema de corrupção do planeta, no entendimento da OCCRP. Nas fundamentações da escolha do corrupto constatou-se o fato de o presidente ter “minado o sistema de justiça”. Ora, um sistema de justiça que se deixa minar é estruturalmente corruptível. Significa então que a corrupção se alastrou com o auxílio de um sistema de justiça minado e inidôneo. Também significa que somente em face de um sistema de justiça minado é que se pode dizer que “no Brasil não tem mais corrupção” (...).

Nesse contexto, fica fácil perguntar por onde andam Temer e seus ministros. Por onde andam Moro e Delagnol? Por onde andam os ex-ministros demitidos do atual governo? Certamente acobertados por um sistema de justiça minado, perseguidor unilateral e inquisitorial das lideranças populares, mas dóceis e complacentes com o poder econômico. Tais indivíduos e tantos outros “ilustres” não foram e, provavelmente, não serão responsabilizados por crimes de lesa-pátria.

Tomemos rapidamente um exemplo a partir do ministro Paulo “Chicago boy” Guedes. Parece claro que ele é o grande protegido da família econômica midiática, praticamente intocável e que atua como um corretor das grandes corporações, principalmente americanas. Paulo Guedes já disse em reunião ministerial sobre o Banco do Brasil: “Tem que vender logo essa p***a!!!”. Ocorre que ele é um dos fundadores do Banco BTG Pactual. Pois bem, esse mesmo banco “comprou” do Banco do Brasil uma carteira de crédito no valor de 3 bilhões de reais, mas pagou quase 10 vezes menos, ou seja, vergonhosos 371 milhões de reais. Uma afronta grave aos cofres públicos. Tudo isso “debaixo das barbas” daqueles que investigaram a “p***a!” das reformas do tal apartamento de Guarujá e a “p***a!” dos pedalinhos de Atibaia.

Aliás, o tal juiz da operação Lava Jato mora nos EUA e advoga para as empresas que processou, enquanto o procurador da Lava Jato, pertencente a uma das famílias mais ricas do Brasil, por estes dias está surfando.

Todavia, a maior corrupção mesmo é genocida. É assistir a morte de 200 mil pessoas com inércia, descaso e sarcasmo. Para os envolvidos nesse crime a vergonha é uma doença para a qual estão devidamente vacinados e devidamente imunes.

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