Vereadores, ou estão jogando para plateia ou desconhecem a lei

 

Emoção é um sentimento bom, mas, às vezes, perigoso na política. Principalmente quando o político está falando de improviso e se deixa levar por este sentimento. Etimologicamente, a palavra “emoção” tem origem no latim, “ex movere”, que significa "mover para fora". Talvez, a emoção explique por que dois vereadores, aliás, considerados por mim, gratas revelações políticas, assumiram posturas que beiram o sensacionalismo. 

Ora, na reunião ordinária de terça-feira, dia 20, ao criticar o aumento salarial de 3,94 % nos já altíssimos salários dos parlamentares municipais, o vereador Cleitinho Azevedo (PPS) disse que iria recusar o aumento e pediria ao presidente Adair Otaviano (MDB) para não incorporar tal reajuste à sua remuneração de vereador.

 Imediatamente, o vereador Sargento Elton (PEN) fez coro com Cleitinho, acrescentando que pretendiam ver o valor aumentado aos salários destinar-se à compra de remédios para a farmacinha. Na verdade, bela intenção, mas de difícil execução, porque não está prevista na lei essa operação contábil. Então – e aí está o perigo –, a declaração dos dois edis lhes deu visibilidade política, sem praticidade. Tanto é verdade que, na reunião ordinária de ontem, 22, o discurso mudou, diante da impossibilidade do desconto em folha. Os dois edis disseram que, como não será possível o desconto do aumento de 3,94% nos seus salários, pela Câmara Municipal, iriam doar o valor, como meros cidadãos, a uma entidade filantrópica da cidade. Sugiro mais, edis Elton e Cleitinho: registrem em cartório esta decisão e, todos os meses, apresentem na reunião da Câmara os recibos das entidades para as quais doaram.

 Sargento Elton, inchaço da Prefeitura tem a ver com os próprios vereadores - I 

Na reunião ordinária de terça, 20, o vereador Sargento Elton (PEN) deu uma reveladora informação. Disse ter calculado o custo dos 223 servidores nomeados em cargos comissionados e que chegou a valores em torno de R$ 600 mil a R$ 800 mil mensais. Sugeriu que esses servidores fossem dispensados, entrando, nas respectivas funções, servidores municipais concursados. Isso, além de trazer economia para o município, seria também uma forma de incentivo ao servidor concursado, disse. Concordo plenamente com a proposta do Sargento Elton, mas quero lembrá-lo que o inchaço da Administração Municipal tem muito a ver com os vereadores.

 Sargento Elton, inchaço da Prefeitura tem a ver com os próprios vereadores - II 

O que o vereador Elton provavelmente sabe é que uma das causas do aumento de servidores comissionados na Prefeitura, em parte, é culpa de alguns vereadores, que exigem do prefeito Galileu Machado (MDB) cargos em troca do apoio dado a ele na Casa Legislativa.

 Sargento Elton, vou lhe dar argumentos, utilizando declarações de alguns de seus pares, que provam minha tese: 

- Vereador Cleitinho (PPS) na reunião ordinária de 08/03/18: “estive com o prefeito e isso que quero deixar bem claro: estive lá para reivindicar. Eu não vou lá, como alguns vereadores, para pedir cargos não”.

 -Vereador Dr. Delano (MDB) disse, na reunião ordinária do dia 06/03/18, que o Serviço Municipal do Luto “é cabide de emprego de um monte de vereadores”. “Vai lá e dá uma olhadinha em quem é concursado”, delatou o edil.

 -Vereador Edson Sousa (MDB), na reunião ordinária do dia de 21/12/17, disse “que vereadores que a apoiavam aumento do IPTU, eram do laço da negociação que sobe lá (Prefeitura?) e negociam!”.

 -Na reunião ordinária da Câmara Municipal do dia 19/10/17, o vereador Dr. Delano revelou que existe um chá na avenida Paraná que, tomado, muda o voto do vereador: “tomou o chá da Paraná, botou sim”, asseverou o edil.

 - Na reunião do dia 19/10/17, o edil Adair Otaviano disse que: “Vereadores precisam ter vergonha na cara, porque têm cargos comissionados na Prefeitura e cospem na cara do prefeito”. 

Quais são estes vereadores que pediram ou indicaram cargos comissionados ao prefeito, edil?

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