Verdades de um minuto

Quedei-me a perguntar o que significaria Verdades de um minuto, título da última obra póstuma de Anthony (Tony) de Mello, S.J. Diferente de verdades num minuto? Verdades que valem um minuto? Verdades em pílulas? O título original é One minute nonsense. Um minuto é um minuto, um minuto pode ser fatal, um minuto pode ser vazio como pode ser decisivo. Insignificante ou significante. Significativo ou “nonsense”. Um minuto em uma competição é muito tempo. A morte cabe em menos de um minuto.

 O livro consta de inúmeras perguntas feitas ao Mestre, o qual ensinava principalmente por meio de parábolas. Nessas narrativas, o Mestre pode ser um sábio taoísta, rabino judeu, monge cristão, um guru ecumênico. É Lao-Tsé e Sócrates, Buda e Jesus, Zaratustra e Maomé... A resposta do Mestre, tida como sábia e quase sempre inesperada, mostra em geral o outro lado da medalha. Verso e reverso, direito e avesso, pró e contra, alto e baixo, rotulado ou não identificado, cara e coroa. Que não bate com a verdade convencional atribuída comumente a dizeres e fatos. São diálogos curtos e talvez resida aí o sentido de verdades de um minuto. Não são verdades acabadas. Sempre há controvérsias. Seria uma verdade por minuto? E uma verdade puxa outra. Você pode decidir deitar-se na cama, mas não pode decidir dormir bem. Contudo, a chave para uma vida boa é sempre o amor. Ninguém é dono da verdade. Comissão da verdade não pode ser. Pró-verdade, sim... Não culpado não quer dizer sempre inocente. Alguém pode ser considerado não culpado em uma ação que lhe é movida e não ser inocente de tudo.

 O egoísmo é a ferramenta mais eficaz para transformar a verdade em decepção. Qual o maior obstáculo à verdade? A relutância em encarar os fatos, disse o Mestre. Desconstrução de conceitos arraigados. A arte encontra-se nos museus. A beleza encontra-se em toda parte, no ar, no mar, no chão, em todos os lugares, de graça, sem plaqueta de identificação.

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