Valor da cesta básica em Divinópolis sobe pelo quarto mês consecutivo

Segundo levantamento, o grupo de alimentos sofreu aumento de 2,30% em relação a julho

Da Redação

Pelo quarto mês consecutivo, o valor da cesta básica de alimentos tem pesado no orçamento do divinopolitano, segundo aponta o levantamento feito pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico Sociais (Nepes), da Faculdade Una Divinópolis. Os dados mostram que, em agosto, o custo da cesta básica na cidade ficou em R$ 465,34, um aumento de 2,30% em relação a julho, quando foi registrado R$ 454,86. 

De acordo o levantamento realizado no período de 23 a 28 de agosto, entre os itens que demonstraram aumento estão a banana-prata (25,30%), o tomate (22,85%), o açúcar (9,86%) e a batata-inglesa (9,20%). Enquanto isso, houve queda no preço da chã de fora (5,53%), do feijão (4,17%) e redução de 3,23% no óleo de soja. 

Segundo o professor Wagner Almeida, responsável pela pesquisa, a alta no custo da cesta básica que vem sendo observada, não só em Divinópolis, mas em todo o Brasil, é basicamente decorrente de fatores como aumento do consumo e redução da oferta, da desvalorização do real, das exportações e no preço dos insumos importados, do custo produtivo devido a reajustes em itens como gás, combustíveis e energia. 

— Problemas sazonais e climáticos, como a estiagem e geadas recentes, e um cenário de instabilidade político-institucional afetam o custo final da cesta — conta.  

Ainda segundo Wagner Almeida, a cesta básica de alimentos seria suficiente para o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, contendo quantidades balanceadas de todos os nutrientes necessários à manutenção da saúde. Porém, quando comparado o custo da cesta com o salário mínimo vigente, também houve um acréscimo comparado ao mês de julho, destaca o professor. 

— Quando se compara o custo da cesta básica com o salário mínimo vigente, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em agosto, 42,30% do salário mínimo para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em julho, o percentual foi de 41,35% — ressalta Wagner. 

Tempo x salário 

A pesquisa também comparou o custo da cesta básica com o valor do salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas, composta por dois adultos e duas crianças, que, por hipótese, consomem como um adulto. De acordo com o levantamento, estima-se que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 3.323,86, valor que corresponde a 3,02 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. Para o professor Wagner Almeida, esse seria o orçamento total capaz de suprir, também, as demais despesas com habitação, vestuário, transporte e outros.

— Vale destacar que, no último dia 31 de agosto, o governo federal encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei que prevê o reajuste do salário mínimo no valor de R$ 1.169,00 para 2022. Esse valor não contempla aumento real, mas simplesmente a reposição da inflação na ordem de 6,27%, percentual abaixo da estimativa de inflação para 2021, já que a inflação acumulada de 12 meses, medida pelo IPCA, deve fechar o ano em 7,58% — explica o professor. 

O levantamento apontou também que o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, em agosto, ficou em 93 horas e 04 minutos, maior do que em julho, quando foi de 90 horas e 58 minutos. A metodologia utilizada para a coleta dos dados segue o que é preconizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). 

 

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