Uma chance para o amor

Augusto Fidelis

 

Você pode até não acreditar, mas eu não gosto de fazer comentários sobre a vida alheia, no entanto, no caso da dona Mariquita, confesso que me sinto preocupado. Desde que terminou seu noivado com o Príncipe de Brunei, ela não é a mesma. A Internacional deixa transparecer sua melancolia nos contato que faz comigo. Nem mesmo o sucesso do seu livro, Fábrica de Monstrinhos, o primeiro na lista de vendas nas melhores livrarias de Paris e do mundo, é capaz de inflar novamente seu ego.

No último telefonema, abriu o seu coração. Só agora confessa que a briga com a ex-sogra, a princesa Jawara Lambrozza, foi algo medonho. Para Sua Alteza, o fato de seu filho ter se apaixonado perdidamente por uma mulher 50 anos mais velha do que ele só pode ser feitiço. “Não posso admitir, por Alá, que a futura esposa do meu filho tenha mais idade do que eu”, bradou a sogra, totalmente possessa, cujo eco ainda retumba nos corredores do palácio. E olhe que isso já caminha para as calendas do tempo.

Da sua parte, dona Mariquita garante que é tudo lorota. “Se existe algum feitiço, nada mais é do que obra do Cupido, que se diverte com o meu sofrimento”, lamenta. Sinceramente, acredito que dona Mariquita está coberta de razão. Eu mesmo fui vítima desse anjinho peralta, que já aprontou comigo inúmeras vezes. Fez-me ouvi tantas juras de amor, todas falsas, as quais partiram o meu coração.

Agora, para dona Mariquita, pelo menos enquanto durou foi ótimo, porque o jovem Chain Joffili a amou ardentemente e lhe deu provas com estas palavras lindas, ditas em meio aos jardins do palácio real, as quais a Internacional traduziu para mim: “Amo-te tanto, meu amor... não cante / O humano coração com mais verdade... / Amo-te como amiga e como amante / Numa sempre diversa realidade”.

Eu vi o príncipe Chain numa revistas, na televisão, e, certamente, corresponde à descrição que dona Mariquita faz dele, um deus grego: moreno, alto, olhos azuis, cabelos da cor da graúna, corpo atlético e lábios carnudos. Sua voz é forte, porém aveludada e penetrante, cheio de entusiasmo e fogoso como um potro.

Contudo, o conto de fadas de dona Mariquita não passou de um sonho de verão. No momento que a ex-noiva se despedia de Brunei e voltava a Paris, com os olhos encharcados de lágrimas, Chain fez a seguinte declaração à amada: “Prometo buscar o amor dento do teu coração, prometo cultivá-lo, prometo te dar consolo quando precisar. Prometo te amar, prometo que as estrelas serão tuas e que este amor, verdadeiro e sem limites, jamais terá fim. Eu prometo!” Prometeu, mas esqueceu logo em seguida. É, realmente, os homens são todos iguais. [email protected]

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