Tem privilégios?

Preto no Branco 

Como assim? Comentários de extremo mal gosto e machistas que ainda se ouve por aí da boca de alguns homens sobre as mulheres. Em períodos eleitorais, então, elas são vítimas de ataques fúteis apenas porque entraram na disputa. Neste ano ‒ em que, enfim, tantas mulheres resolveram ir à luta tanto no Executivo quanto no Legislativo ‒ tem gente se mordendo de raiva. E o pior é que os “babacas” não têm coragem de encarar de frente. Se unem com outros da mesma “laia” e vão para os grupos de WhatsApp atacar quem está quieto. Das duas, uma: ou não dá conta do recado e morre de dor de cotovelo ou a pessoa que estão atacando está incomodando. 

“Pau mandado”

E a corja, que não tem o que fazer, não ataca apenas por mero prazer de se praticar esse machismo condenável. Boa parte é “pau mandado” de candidatos homens que não toleram serem superados por uma dama. Coisa feia. Não dão conta no discurso e na apresentação de boas propostas, então partem para o ataque. “Para quem sabe ler, um pingo é letra.”

Prática antiga 

E não é de hoje que o machismo vive impregnado na política divinopolitana. Prova disso é que até hoje nenhuma mulher teve o privilégio de se eleger prefeita. Porém não é somente no Executivo ‒ na Câmara, de toda a história da legislatura da cidade, apenas cinco mulheres exerceram o cargo de vereadora. Neste atual mandato, dos 17 que ocupam uma cadeira na Casa, em uma apenas uma, há mulher. Esta, inclusive, Janete Aparecida, é candidata a vice-prefeita ao lado do Gleidson Azevedo, os dois pelo PSC, e, caso outra não seja privilegiada em ser eleita, a Câmara ficará sem representante feminina. Claro que pela quantidade de mulheres que se dispuseram entrar na disputa, isso não deve ocorrer. Pelo menos é o que se espera, principalmente por parte das eleitoras divinopolitanas, que precisam interromper este ciclo de ciúmes e apostar em quem realmente sente na pele a mesma coisa. 

Machista e patriarcal 

Houve alguns avanços, sim. Conquistas marcantes, como uma mulher ser presidente do Brasil, também. Mas, seja de antigas ou novas gerações ou com pontos de vista diferentes, todas concordam com quesito: apesar destas mudanças ocorridas nos últimos anos, a vida continua difícil. O motivo? Ainda vivemos, infelizmente, em uma sociedade machista e patriarcal. Para quem não concorda com isso ‒ os homens, é claro ‒, não posso fazer nada. É a realidade que pode ser mudada a partir deste ano, pelo menos em Divinópolis, aproveitando esse tanto de mulher envolvida na disputa. “Nunca é tarde para recomeçar.” E isso, acredite: vale para qualquer situação na vida.

Bem depois 

No sentido de nunca é tarde, para enfatizar essa tese, não faltam exemplos. Como é sabido, muitos anos atrás, a mulher era criada apenas para ser esposa ‒ e olha que raramente eram exclusivas. Naquela época medonha, ter mais de uma era comum. Ainda bem que o tempo foi passando e apareceram as primeiras corajosas para dar o grito em busca da liberdade e de direitos que só os homens tinham. Já que é ano eleitoral, lembremos que a primeira no Brasil a conquistar o direito ao voto teve que brigar muito por isso. A corajosa professora Celina Guimarães Vianna foi a primeira eleitora do Brasil, aos 29 anos de idade. Com isso, a Lei 660, de 25 de outubro de 1927, estabeleceu que não haveria distinção de sexo para ir às urnas. A norma foi criada no Rio Grande do Norte, onde vivia Celina, o primeiro estado a permitir esta conquista ao sexo feminino. O fato repercutiu mundialmente, por se tratar não somente da primeira eleitora do Brasil, como da América Latina. Agora, são não somente milhares de eleitoras, mas também candidatas dispostas a novas conquistas, queiram os homens ou não! 

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