Sobre o amanhã que virá

Leila Rodrigues

 

São tantas perguntas e tantas respostas que estamos todos confusos. Por que estamos passando por isso? O que será de nós depois de tudo isso? O que será de nossas cidades depois desse turbilhão? O que será do nosso país? O que será do planeta? 

Previsões e especulações não faltam. Comentaristas, intelectuais, jornalistas, economistas, religiosos e teóricos, todos trazem uma palavra a respeito desse momento e do que será de nós. Muitos procuram culpados. E gastam tempo e energia provando a culpa de alguém. Outros traçam as estatísticas. Os números apontam o caminho. E nossas cabeças continuam cheias de dúvidas. 

Fomos todos sacudidos! Estamos todos em estado de alerta! Não importa se você está no grupo de risco ou não, se é empregado ou empregador, se fez tudo certo até ontem ou se foi um despreocupado nato, todos perdemos nossas certezas. Estamos todos no mesmo patamar. Neste momento somos apenas seres humanos suportando a companhia e o peso de nós mesmos. 

Nós, que sempre fomos cercados e rodeados de outros, nós, que alimentamos nossas vaidades e nossos caprichos com os aplausos alheios, estamos aqui, experimentando agora o gosto de nossas próprias companhias. 

Alguns se enchem de afazeres. Limpam, trocam tudo de lugar, limpam de novo, tudo isso para não ter que enfrentar o tempo consigo mesmos.

Outros se enchem de informação. Estudam, leem livros, assistem filmes, vídeos, aulas. Até se cansarem e dormirem em cima do conhecimento. 

No fundo cada um está respondendo suas perguntas secretas do seu jeito. Estamos evoluindo sem saber que estamos. Estamos aprendendo a olhar para dentro, a olhar para o lado, a olhar para onde nossas ocupações não nos permitiam. E isso vai nos trazer mudanças consideráveis. Estamos todos à espera de um amanhã que ainda não sabemos como será. 

Mercadologicamente falando, se estaremos todos necessitados, ideias, acordos e ajustes nunca antes imaginados surgirão. Psicologicamente falando, se estamos todos experimentando a nossa própria companhia, a nossa visão sobre os outros mudará também. E já que perdemos nossas certezas, junto com ela arrogância e prepotência também vão juntas. 

E então poderemos dizer boas-vindas à era dos acordos, das negociações, da velha e boa conciliação, da conversa sincera, da ajuda, do conselho e da partilha. Nunca o amanhã foi tão desejado. Afinal, não seremos os mesmos de ontem. Seremos, com certeza, muito melhores!

 

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