Sem palavras

Editorial

Há exatos cinco dias, a vida de uma família mudou completamente. Há exatos cinco dias, a vida de uma família mudou tragicamente. Há exatos cinco dias, uma família divinopolitana foi condenada a viver com um buraco, um vazio existencial sem fim. No dia 8 de agosto, Amanda Filgueiras Calais, de apenas seis anos, foi assassinada brutalmente por sua vizinha. E, segundo a assassina confessa, o crime foi cometido, porque ela acreditava que a mãe da menina havia lhe denunciado para o Conselho Tutelar.

É chocante, horrível e chega a dar náuseas quando pensamos que Amanda hoje não está na escola dividindo seu dia com os coleguinhas porque uma pessoa simplesmente decidiu que ela não iria mais. É chocante pensar que a Amanha hoje não está brincando com os seus coleguinhas porque Sarah decidiu que ela não iria mais. É horrível pensar que foi tirado do pai de Amanda, Waldner de Calais Gomes, o direito de receber o presente do Dia dos Pais. É horrível pensar que Amanda não poderá ter seus sonhos, não passará pela adolescência, não se formará, não se casará, porque uma pessoa decidiu tirar-lhe isso.

É chocante, é devastador. Cinco dias já se passaram, mas a sensação de vazio permanece em cada mãe, que perdeu também um pouco de si, quando a vida de Amanda foi tirada. A sensação de vazio permanece dentro de cada mãe que sentiu a dor de Claudilene. A sensação de vazio continua em cada um que se enojou com as declarações de Sarah, que, inclusive, contou em detalhes tudo o que fez com a pequena. Mas, talvez o que console seja o fato de que Amanda já não precisa mais viver as dores deste mundo, não precisa mais enfrentar a loucura do ser humano, que a cada dia se torna menos humano e mais irracional. Amanda está liberta de todas as dores, e agora é apenas um anjo, livre de toda maldade que o homem é capaz de causar.

E não há palavras neste mundo capazes de expressar o sentimento pelo assassinato da Amanda. Buscaremos durante muito tempo um alívio, uma justificativa para a dor da Claudilene, que todo pai e toda mãe não desejam passar um dia. Talvez, buscaremos sem êxito por uma resposta, um acalento, algo que nos faz ter esperança de que a humanidade não está perdida. Algo que nos faça ter esperança no futuro, nas crianças. Algo que nos faça ter, mais uma vez, fé na humanidade, e tire essa sensação de que estamos perdidos. Precisamos que algo que nos arranque a sensação de abandono, de que estamos deixando de ser humanos um pouquinho a cada dia.

Mas, se Amanda hoje está liberta toda dor, toda maldade, Sarah foi condenada a viver eternamente na escuridão. Uma escuridão que ela carrega dentro de si, e a impede de amar, de sentir amor e de ser amada. E talvez não haja punição maior do que esta. Viver uma vida sem saber o que é amor. Viver uma vida sem ser tocada pelo mais nobre dos sentimentos. Enquanto Sarah vive hoje (já vivia há muito tempo) o seu inferno aqui na Terra, Amanda está livre e continua rodeada de amor, de muito amor, e luz!

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