Selic é reduzida e bancos assinalam baixar os juros

Porém, recuperação nas vendas pode ser muito lenta

 

Jorge Guimarães   

 

Depois que o Banco Central anunciou a redução na taxa básica de juros, a Selic, os bancos já correram para reduzir as taxas de empréstimos a partir da próxima semana. Só que os juros no Brasil ainda são altíssimos e a 

redução que vai chegar até a pessoa física é muito pequena. Quando o contribuinte paga um serviço ou compra algum produto a prazo, percebe que os juros vão muito além da taxa básica. 

E em momento de total desconfiança quanto ao futuro, o consumidor está com um pé atrás em relação às compras a prazo e economizando para comprar à vista, quando pode ganhar bons descontos. Com essa mudança de hábito, o varejo sentiu em cheio o baque do crédito caro e escasso. Assim, a redução de 0,75% nos juros pode melhorar as vendas. Comprar a prazo vai ficar mais barato, mas a tendência é de que a recuperação das vendas seja lenta e gradual. 

 

Taxas 

 

Mesmo assim, a taxa final que o consumidor paga é muito mais alta que a taxa básica. Enquanto a Selic caiu para 13% ao ano, os juros do crédito pessoal estão perto de 140% e os do rotativo do cartão de crédito passam dos 480% ao ano.  A taxa para o consumidor inclui custos e ganhos do banco e também o risco do crédito. Assim, com tanta gente devendo e desempregada, o comércio não acredita que o consumidor corra para as compras. 

O corte da Selic é bom para o governo, que vai economizar uma bolada nos juros que paga, e reduz a remuneração de várias aplicações financeiras, mesmo assim elas rendem muito. 

 

Crescimento 

 

A notícia veio em boa hora, pois sendo o começo de ano, os empresários poderão montar suas estratégias para enfrentar o mercado no decorrer do ano.  

Para o economista Leandro Maia, a notícia em si já é um bom sinal para a recuperação da economia, apesar de os juros praticados no país serem bastante abusivos. A medida agrada aos dois lados da moeda. Segundo ele, para o consumidor, os juros das compras a prazo devem baixar. 

— Pelo lado do empresário, ele se sentirá mais seguro nos investimentos tanto no imobiliário da empresa quanto no aumento da produção. E, se tem aumento de produção, cresce o emprego. Assim, a ciranda do crescimento se concretiza, ou seja, com mais empregos, mais consumo — avalia o economista.  

Mas tem muito consumidor pensando muito antes de fazer alguma compra a prazo. 

— Vou esperar primeiro e ver como os preços irão reagir. Não adianta nada o governo e os bancos baixarem os juros se os empresários não repassarem ao consumidor. Todo cuidado é pouco — avalia o mecânico Wallace Costa. 

 

Selic 

 

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). E para fechar o ano, faltava o número de dezembro, que ficou em 0,3%, o menor para o mês desde 2008, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quarta-feira, 11. Com isso, o indicador fechou o ano de 2016 em 6,29%, quando a meta do governo seria de 6,5%, a mais baixa desde 2013. 

 

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