Se não cabe um...

Que o Governo do Estado está há um bom tempo sem sossego, isso não é segredo para ninguém, mas o fim do de ano se aproxima e a situação está cada vez mais apertada. O empresário Romeu Zema (Novo) se candidatou ao cargo de governador já sabendo que as condições do Executivo Estadual não eram as melhores. Zema ganhou as eleições quando Minas Gerais era o segundo estado mais endividado do país, perdendo apenas o Rio Grande do Sul. A coisa estava bem complicada. Em quase um ano de gestão é fato que o empresário conseguiu colocar algumas – poucas – coisas no lugar. Mas é aquilo, “cobre de cá, descobre de lá”, afinal, colocar uma casa em ordem, após quatro longos anos de algazarra é um trabalho duro.

O governador conseguiu melhorar as condições de pagamento do salário dos servidores e entrou em harmonia com os funcionários da Segurança Pública. Quitou o 13° da categoria antes das demais, e em setembro encaminhou uma proposta de reajuste salarial de 28,8%, que foi debatida e, após longa negociação, aceita em outubro. E, enquanto Zema tentava “arrumar de cá”, “de lá” a coisa bagunçava. O governador até teve boa vontade, mas esqueceu-se do principio da isonomia, que está na Constituição Federal. Também conhecido como princípio da igualdade, é o símbolo da democracia, pois indica um tratamento justo para os cidadãos. O Art. 7º, inciso XXXII, da Carta Magna determina que todos tenham igualdade trabalhista. Ou seja, se dá aumento para um, tem que dar para o outro.

O resultado desta “harmonia” foi conflitos com os servidores da Saúde e da Educação. Os professores da rede estadual realizaram uma paralisação nesta quarta-feira, 6, e boa parte dos da Saúde estão desde ontem. Os servidores da Educação têm se posicionado contra o fechamento de turnos e de escolas, e reivindicam o pagamento integral do 13º e do piso salarial. Já os funcionários da Saúde votaram pelo início de uma greve, desde ontem. A principal reivindicação da categoria é a isonomia de tratamento com o setor da Segurança Pública. O diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde), Renato Barros, definiu a situação como “muito grave a forma como o Governo está tratando a Saúde”. É fato que Zema ao se candidatar para o cargo achou que iria comandar o Executivo Estadual como comanda suas lojas, seus postos de gasolina. É fato também que o empresário encontrou uma situação bem diferente e que iniciativa privada é uma coisa, iniciativa pública é outra.

No setor público, o servidor coloca a “faca no pescoço” do “patrão”, já no setor privado, como muitos sabem, é mais ou menos assim: “o patrão falou, a água parou”. Romeu Zema fecha o primeiro ano de seu mandato turbulento, mas também com muitas reflexões a serem feitas e, sem sombra de dúvidas, com muita experiência na mala, sendo a principal delas a de tratar os servidores com isonomia, afinal o “cobre de cá, mas descobre de lá” não gera outra coisa, a não ser desgaste. E é bom Zema pensar em um velho ditado que toda mãe diz: “se não cabe um, não cabem todos”.

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