Se Galileu não pode oferecer emprego, edil pode pedir?

 

A Associação dos Advogados do Centro-Oeste de Minas (AACO) fez um pedido à Câmara Municipal, pretendendo que a Casa forme uma Comissão Processual, para avaliar denúncias contra o prefeito Galileu Machado (MDB), suspeito de ter oferecido um cargo público na Prefeitura, ao cidadão Marcelo Máximo (Marreco) de forma ilícita. Mas 12 vereadores rejeitaram o pedido de denúncia contra o prefeito. Sem entrar no mérito da questão, pergunto: se o prefeito não pode oferecer um cargo na Prefeitura de forma ilícita, podem os vereadores pedir cargos na Prefeitura em troca de apoio ao prefeito nas votações da Casa Legislativa? Há meses venho denunciando ser perceptível, através das falas dos edis na Tribuna da Câmara, que há um troca-troca entre a Prefeitura e vereadores, cuja moeda é emprego para amigos, parentes ou apoiadores de campanha. Vamos relembrar algumas destas denúncias “escapulidas” das bocas de alguns edis:

 - “Tem vereador que mama nas tetas da Prefeitura e depois cospe na cara do prefeito”; 

- “Quando eu disse que têm vereadores que têm que ter vergonha na cara, eu me dirigi aos que têm cargos comissionados dentro da Prefeitura”; 

- Sobre os vereadores que mamam nas tetas do governo e depois cospem na cara do prefeito, foi dito: “têm que entregar todos os cargos comissionados que têm (na Prefeitura), se fossem homens de caráter”;

 - “Aqui tem vereadores bumerangue. Eles vão e voltam” (que votam projetos do governo de acordo com seus interesses e não os da cidade);

 - “Tem vereadores que sobem a Paraná [Prefeitura] para tomar um chá com o prefeito e voltam, votando sim” (insinuando que há negociações entre Executivo e Legislativo na hora de votar projetos do governo). 

Então, não cabem dois pesos e duas medidas. Concordo que um prefeito não pode oferecer emprego de forma ilícita a um cidadão, mas vereadores não podem também apoiar o prefeito em troca de cargos comissionados para seus protegidos.

 Sinal Amarelo em Divinópolis acendeu em 2010 

Desde as eleições de 2010, eleitores de Divinópolis estão mandando avisos de descontentamentos para os políticos. Naquela ocasião, para deputado federal, 40.153 ou 27,95% dos eleitores preferiram votar branco, nulo ou se abstiveram, a votar nos candidatos concorrentes.

Esses números aumentaram em 2014. Para a Câmara Federal, os não-votos chegaram a 59.869, representando 42,68% do total dos eleitores. Em 2016, na eleição de prefeito, novamente a insatisfação do eleitor se aflorou: prefeito Galileu Machado se elegeu com 58.433 votos, mas 50.332 eleitores optaram por votar branco, nulos ou por se abster.

Para as eleições de outubro, as perspectivas são de que os não votos válidos correspondam a 60% dos eleitores. Quem viver verá!

 Quando o oportunismo político assanha 

Político acostumado a vender ilusões para os eleitores não perde uma oportunidade para iludir os incautos. Alguns edis estão sugando as últimas possibilidades de explorar o movimento dos caminhoneiros para “faturar” apoio, visibilidade ou um “votinho”. É que começa nas redes sociais uma pergunta inquietante: “Se o preço do diesel foi reduzido, a tarifa do transporte público vai abaixar também?”. Por que me incomoda esta pergunta, principalmente vinda de vereador? — Porque ela cria ilusões no usuário do transporte coletivo, que anseia por pagar uma tarifa mais barata. Mas a coisa não é simples assim. Vejamos: primeiro que, se a Prefeitura alterasse a tarifa porque o diesel abaixou, seria obrigada a alterar a tarifa quando ele aumentasse. E ele sobe sempre. Em segundo e último, o movimento dos caminhoneiros deixou na população uma esperança que não vai se concretizar: de fato, a categoria conseguiu reduzir o preço do diesel, mas para pagar este benefício “doado” o Governo Federal vai aumentar os impostos. Então, devagar com andor, nada mudou. O governo “deu com a mão e tirou com os pés”. Como sempre!

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