Retrato para a história

A primeira página deste Agora de ontem definitivamente foi para a história deste diário e desta cidade, um marco importante de como uma imprensa livre pode controlar o excessos dos homens que a dirige, como frear os seus devaneios e os seus desejos não muito dignos. A manchete com uma grande foto do prefeito afirmava: “Galileu sanciona lei que favorece nepotismo”.

O prefeito aparece...

...com um belo sorriso em foto de campanha eleitoral, mas, com certeza, não o manteve desde que a viu publicada. Todos os vereadores também estavam lá em destaque. Contra: Cleitinho Azevedo (PPS), Delano Santiago (MDB), Edson Sousa (MDB) e Raimundo Nonato (PDT). A favor: Ademir Silva (PSD), César Tarzan (PP), Rodrigo Kaboja (PSD), Nego do Buriti (PEN), Renato Ferreira (PSDB) e Zé Luiz da Farmácia (PMN).

Os que se ausentaram...

...foram Roger Viegas (Pros), Sargento Elton (PEN), Janete Aparecida (PSD), Josafá Anderson (PPS) e Marcos Vinicius (Pros). De forma incompreensível, absteve-se de votar, embora presente, o vereador Print Júnior (SD). O presidente da Câmara, Adair Otaviano (MDB), não votou, mas é do time dos favoráveis à chamada lei do nepotismo, pois assinou o pedido de Kaboja para que o projeto de lei fosse apresentado.

Desculpas esfarrapadas

Sempre é possível explicar (e justificar) uma ausência, principalmente quando ela se refere a qualquer problema de doença. O eleitor entende. O que ele, eleitor, não entenderá nunca é porque uma lei tão importante foi aprovada porque houve a ausência de cinco vereadores. Pelo menos duas ausências foram muito sentidas: o sério e competente Sargento Elton e a vereadora Janete Aparecida.

O primeiro...

...foi a Belo Horizonte se reunir com os dirigentes do Patriotas, seu partido, com a finalidade de conseguir verbas para a segurança em Divinópolis. Louvável a atitude, mas desprovida de qualquer justificativa, já que reuniões com o partido ou seus dirigentes são marcadas e desmarcadas sem qualquer problema. Mas a vereadora Janete Aparecida, acompanhada de Marcos Vinicius, superou Elton. Os dois foram se reunir com o prefeito, para tratar de assuntos referentes ao bairro Copacabana.

Reunir para não votar

À primeira vista, se Janete e Marcus concordaram em se reunir com o prefeito exatamente no dia da reunião e na hora da votação, é porque o assunto do bairro Copacabana, provavelmente seja muito mais forte do que votar uma lei que só iria beneficiar o Executivo e manchar os seus currículos. Convém que seja afastada a esperteza de Galileu nesta hora, pois de bobos Janete e Marcus não têm nada, poderiam ir outra hora em outro dia.

Mas teve gente que...

...ficou doente: Josafá Anderson, com “problemas cardíacos”. Pode ser, só que Josafá, como vice-presidente da Câmara, nunca faltou a qualquer reunião, mesmo porque ele é o que mais aparece na TV por causa das constantes ausências do plenário do presidente. Já vi gente comparecer ao plenário até com soro na veia para um voto importante. Só que o nepotismo não parece importante também para Josafá, do qual não se tem notícia de que estava internado em qualquer hospital ou em convalescência em sua casa. Parece mais aquele ditado bem conhecido: conversa mole para boi dormir.

Dissecado o assunto

O projeto de Kaboja visa sim ao protecionismo de algumas pessoas. Hoje o prefeito já pode nomear de fato (e de direito) todos os seus parentes em cargos que julgar de confiança, como já o fez em mandatos anteriores. Como Galileu não é mais menino, tem poucos parentes de primeiro grau com conhecimento e capacidade para serem nomeados. Já o vereador colherá o ônus desta lei que plantou a pedido do prefeito. Kaboja garantiu, na reunião de ontem, que será reeleito em 2020. Pode ser. Faltam dois anos e seis meses, e neste espaço de tempo, tudo pode acontecer. Que ele seja mais feliz e menos “altruísta” das próximas vezes.

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