Rede do SUS x rede privada de saúde

Eduardo Augusto 

Por longo tempo, como advogado, experimento os problemas e os transtornos do cidadão brasileiro quando recorre ao SUS, o que nos deixa perplexos, transtornados e revoltados como cidadão brasileiro e, sobretudo, como profissional do direito.

Muito já tenho dito que a democracia para o brasileiro é muita onerosa e ingrata, pois pagamos com morte de pessoas inocentes pela corrupção e desordem do sistema.

O cidadão brasileiro não tem o retorno da sua força laboral e dos altos impostos que se pratica nesse país. Grande parte do dinheiro público deságua no ralo da maldita corrupção.

Além da corrupção, em grande parte, observa-se que os governos não se preocupam com a organização do sistema e com a exata medida do uso do dinheiro público.   

Não comungo, porém, com a tese de novos regimes, pois defendo a democracia, mas verdadeira e praticável a todos, sem qualquer distinção de classe social, raça, credo, ideologia, sexo etc., ou seja, sem discriminação de qualquer gênero.

A cada governo que assume a administração pública, seja em qualquer esfera, renova-se a crença em melhoras, em reformas, em novas ideologias, em novos projetos. Mas passa-se o tempo e o que se constata é que somente mudam os rótulos, os slogans, os títulos de projetos; na prática, tudo permanece deficiente e inoperante.

Prova disso são os inúmeros hospitais públicos que foram levantados pelas antigas administrações. E, passa governante atrás de governante, permanecem sem término, pior, expostos ao tempo sucateados pelo abandono – lamentável.

Não há maior direito do cidadão do que a saúde, pois, sem ela não haverá vida, e sem vida não se tem direito.

Contudo, os governantes e grande parte das autoridades tratam a saúde, seja pública ou privada, como peça de mercado, e se aproveitam do seu próprio dolo, da sua esperteza, da negligência, da sua própria omissão como guardião do dinheiro público.   

A verdade é que a saúde no Brasil é algo que gera lucro exorbitante, tudo por causa da precariedade do SUS e pela legislação favorável aos planos de saúde.

A verdade é que não querem que o SUS preste serviço de qualidade conforme determina a Constituição Federal, justamente para beneficiar uma vasta elite que lucra pelo serviço prestado em saúde privada.

Basta andar pelo Centro de Divinópolis e de todas as cidades. O que mais cresce e se estabelece numa comunidade são os bonitos consultórios, as grandes clínicas, os vultuosos hospitais com grandes e lindas fachadas – nada contra o crescimento profissional, sou contra sob jugo do precário sistema do SUS.  

Não é razoável que por uma consulta médica se cobre R$300 a R$750, sendo que o salário mínimo do brasileiro é R$1045.

Quando o pobre cidadão brasileiro precisa de uma consulta a um especialista, se retira do orçamento da pessoa praticamente no mínimo um terço de sua renda mensal, que na maioria são arrimo da sua família, verdadeiro escárnio.

Outro dia, para uma perícia médica no INSS orientei um cidadão a nova consulta e novos exames, e, perplexo, me disse: como, doutor, se estou sem condições de trabalho e sem salário? Tão triste que, mesmo com a consulta e com nova prescrição, era certo o indeferimento do benefício pelo INSS, pois, sabemos que hoje, para se ter benefício, somente de posse da certidão de óbito.

Entendo que o SUS deveria funcionar de tal maneira que diminuísse a demanda do serviço particular, porém, infelizmente, no Brasil, se prestigia o serviço particular em detrimento do público, justamente porque as autoridades constituídas, quando não são do meio da saúde, estão intimamente ligadas politicamente.   

Não ignoro que as autoridades paroquianas vêm se esforçando para melhorar o serviço público de saúde, porém, as coisas se arrastam e, por isso, gente inocente vem sofrendo dores de parto e morrendo na fila da desumanidade, pois a doença não espera.

Existe muita hipocrisia, muita politicagem, muita insensibilidade, muita desumanidade no trato da saúde, tanto no setor público quanto na privado, práticas essas que prestigiam números e cifras reais.

Sonho com uma rede SUS eficiente e humana, efetiva nos atendimentos, pronta para atender a qualquer pessoa e qualquer demanda na cidade do paciente, sem burocracia, sem demoras, sem translados, que prestigie o preventivo, segura nos serviços complexos e eficiente nas cobranças dos planos de saúde para o serviço prestado a um de seus conveniados.

Eduardo Augusto Silva Teixeira - Advogado

 

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