Racismo

João Carlos Ramos

Dois fatos recentes abalaram a opinião pública e servem de alerta sobre o racismo moderno. O segurança negro norte-americano George Floyd (Fayetteville, 14/10/1973 Minneapolis, 25/05/2020) foi covardemente estrangulado por um policial branco, chamado Dereck  Chauvin, que se ajoelhou em seu pescoço por oito minutos e 46 segundos, asfixiando-o e provocando sua morte. Também  no Brasil, exatamente no município de Tamandaré (Pernambuco), ocorreu o outro fato: um menino negro de cinco anos de idade, Miguel Otávio Santana da Silva, filho da empregada doméstica negra Mirtes Renata Santana  de Souza, caiu do nono andar do edifício em que morava o prefeito da cidade, Sérgio Hacker, e família. Sua patroa, Sari Mariana Hacker Corte Leal, segundo a imprensa, contribuiu cabalmente para a morte do menino.

Tais fatos demonstram que nossa sociedade não evoluiu, mas camuflou, no tocante aos  crimes de racismo e(ou) injúria racial. Tanto no Brasil como nos Estados Unidos e demais países do mundo, a extrema maldade é a mesma em todos os aspectos. Trazendo o assunto para nosso quintal, que é Divinópolis, nada é diferente...

Convivo há décadas no meio artístico-cultural e trabalho diariamente atendendo ao público, composto por todas as classes sociais. Tenho uma visão panorâmica das atitudes, causas e consequências de nossa sociedade, possuindo, além do mais, acesso às mídias sociais. A injúria racial é praticada à luz do dia e o racismo idem, apesar da ignorância cultural visível. A Lei Áurea valeu para seu tempo, conquistando a liberdade física, mas ficou a escravidão social e os diversos tipos de escravidões. Sabemos que a escravidão brasileira, instalada pelos portugueses, foi a mais cruel de todos os tempos, superando até mesmo a escravidão romana e egípcia.

Os historiadores relatam apenas parte daquilo que chegou até nós, mas o nível de crueldade praticada contra os negros vai além dos limites, desafiando os céus. O poeta dos escravos, Castro Alves, diz no poema A CRUZ DA ESTRADA: "Caminheiro que passas pela estrada, seguindo pelo rumo do sertão, quando vires   a cruz abandonada, deixa-a em paz, dormir na solidão". E prossegue: "Não precisa de ti! O gaturano geme, por ele, à tarde no sertão. E a juriti, do taquaral no ramo, povoa, soluçando, a solidão...". Os racistas e os injuriosos raciais cometem um pecado e um crime que desafiam a lei e os céus e, portanto, são condenáveis. Os gigantes se levantam em todos os cantos do mundo para protestar contra a escravidão moderna. Proteste pacificamente! Todos são iguais perante a lei.

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