Que seja fraterno

A Igreja Católica lançou ontem, a Campanha da Fraternidade 2019, e o tema deste ano é “Fraternidade e Políticas Públicas”. O assunto, muito bem escolhido, será trabalhado não apenas com grupos prioritários, mas, sim, com toda a sociedade. Sociedade esta que anda carente não só de políticas públicas, mas também de humanidade. Sociedade esta que anda carente daquilo que a torna humana a ponto de enxergar o outro, e exercer um dos maiores ensinamentos que Jesus deixou quando passou pela Terra: amar a Deus sobre todas as coisas, e amar ao próximo como a ti mesmo. Em tempos de ódio, de rancor e de disputas políticas que não levam a sociedade a nada, é preciso que todos tirem a venda de seus olhos e vejam os caminhos que estão seguindo, as atitudes que estão tomando e o que trazem no coração.

E, além da Campanha da Fraternidade, é chegado o tempo de reflexão. A Quaresma é o período em que milhares de cristãos fazem abstinência. Deixam de comer carne, doces, de acessar as redes sociais, enfim, deixam de lado aquilo que mais gostam em sinal de respeito a Jesus. Mas o grande questionamento disso tudo é: de que vale, se o amor ao próximo não for praticado? De que vale ficar 40 dias sem comer carne, se, na hora que o irmão precisa, muitos são incapazes de estender a mão, quiçá são a mão que o empurram ao fundo do poço? A sociedade precisa, sim, de políticas públicas, a sociedade precisa, sim, de educação, de saúde e de segurança pública, mas, acima de tudo, a sociedade precisa de amor, de “humanologia”. A sociedade precisa ser mais humana.

Muitos usam a desculpa de “a vida está corrida”, “trabalho muito”, para não se dedicar ao próximo. Porém, muitos esquecem que não é necessário fazer algo extraordinário para praticar este amor. Um bom-dia dado com carinho; um ombro amigo na hora difícil, dado com sinceridade, que não seja apenas para fazer fofoca da vida alheia; um almoço pago ao mais necessitado. Tudo isso custa pouco, ou custa nada, e faz bem, faz muito bem para a alma, alimenta até mais do que ficar 40 dias em abstinência. Aliás, se tem uma abstinência que a sociedade precisa é de sentimentos ruins; de abstinência do ódio, do rancor, da inveja, da avareza. Porque cada dia mais o ser humano se distancia do verdadeiro significado de “humano”.

Jesus andou pelo mundo, e todos sabem que ele foi apenas amor e dedicação ao próximo. Milhares de anos se passaram e o ser humano infelizmente se distanciou disso. Tiago escreveu apenas uma carta, mas ela vale ouro. Ele disse que a fé sem obras é morta (Tiago 2: 26). E ele está mais do que certo. Não adianta ir à igreja, debulhar um terço, se arrastar de joelhos, se não praticar o amor ao próximo. E me diga, quem faz isso atualmente? Pode-se contar nos dedos. A campanha da fraternidade se encaixa perfeitamente em seu livro na Bíblia. Políticas públicas são obrigação do Estado, mas a metade da responsabilidade é da população, que não cobra, não fiscaliza e, quando não pratica os mesmos atos ilícitos dos seus representantes, bate palmas. Afinal, ver e se calar também é uma forma de corrupção. Que este ano seja fraterno!

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