Que coisa feia!

Carlos Araújo

“Deus! O” Deus, onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes, embuçado nos céus?” C.Alves em Vozes D’africa.

Este Brasil está virando porão de navio de escravos, e isso nos obriga a gritar: Deus! O’ Deus, estamos clamando também há muito tempo, um país melhor. E o nosso grito parece silêncio. E voltamos a perguntar: “Onde estás tu, Senhor Deus?”; sentimo-nossem ação, sem saber aonde ir, sem saber em quem acreditar. Parece que nos esquecemos de ver a verdade acontecer. Política virou agulhade palheiro dentro do terreiro da politicagem. A verdade também está perdida entre tantas mentiras e falcatruas. Viroutambém agulha num palheiro, difícil de achar. Acho que até Tu, o’ Deus, deves estar meio confuso, com tanta gente ensimesmando-se“em si”. Se peneirar, sobram poucos.

Dizia Guimarães Rosa: “pra gente se lembrar de Deus carece de ter algum costume”. Os políticos perderam o costume dese lembrar de Deus. Tentam esconder  o “antes” (que está dando muito o que falar) e não priorizam  o “depois”para o povo brasileiro.

E, apesar de tudo, como que vislumbrando no final do túnel uma luz, a gente tem que esperançar pois: “Deus é urgente, sem pressa” . Mas é definitivo, espera as coisas acontecerem pelas mãos dos homens, que compartilham a criação. Apesar de sentirmos que: ”Stamos em pleno mar... Dois infinitos se estreitam num abraço insano”. C.Alves, céu e mar. Aqui eles se estreitam num abraço também, só que são dois mares: um em cima outro em baixo. Mas esperamos que nosso barco chegue ao porto, mesmo vendo odilúvio e o tornado fazendo  a festa, pondo  um  chapéu de couroe dançando um Axé baiano. O abraço de céu e mar ainda não está acontecendo.

Acaba um tornado e vem outro. Cada dia o procurador levanta uma lista de malfeitores, que é dependurada. É um tal de cutucar cobras com vara longa e elas, além de não ligar, zombam mostrando a língua pra fora, qual cobra venenosa. E a gente pra “guentar” tudo isso tem de ter algum costume. Mas como diria minha mãe, se fosse viva: “que coisa feia”. [email protected]

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