Quando a assessoria falha...

Bob Clementino 

No mundo político de Divinópolis, as assessorias têm cometido erros, alguns prejudicam e muito os seus assessorados.

Relembrando alguns: o deputado federal Domingos Sávio (PSDB) sem dúvida um dos parlamentares que mais verbas e obras federais trouxe para Divinópolis obteve aqui, em 2018, apenas 3.973 votos. As eleições de 2014 já haviam sinalizado que 12.924 eleitores, por alguma razão, estavam esquecendo ou insatisfeitos com o tucano, o que consumou essa perda significativa de votos.

Com o ex-deputado federal Jaiminho Martins (Pros) aconteceu mais ou menos a mesma fotografia negativa de expressão do eleitor e a assessoria não conseguiu convencê-lo de seus erros. Entre a eleição de 2010 e 2014, o deputado Jaiminho perdeu aqui em Divinópolis 15.428 votos.

Quando a assessoria falha – Galileu

Outra assessoria a cometer erro ingênuo, que pode custar o futuro político do assessorado, foi a do prefeito Galileu Machado (MDB), ao permitir que ele se expusesse aleatoriamente em um supermercado da cidade, já que,  sabidamente, os seus erros e contradições administrativos não são justificados ou aceitos pela população. Galileu foi chamado, em tom revoltado, de “ladrão”, “prefeito safado” e outros impropérios. Em seguida, outro erro da assessoria, ao orientar o alcaide que processasse, na esfera criminal e cível, essa mulher que o teria desrespeitado, tanto mais por se tratar de alguém do povo, de condição simples, sem pretensão de competir com o prefeito. Tudo não passou de extravasamento de insatisfação contra a Administração, sem conotação criminosa.

Gestores públicos precisam saber absorver esse tipo de desabafo, tanto mais quando vem de gente anônima, que só projeta mesmo descontentamento. Isso faz lembrar o episódio com o historiador Marco Antônio Villa, que foi processado pelo ex-presidente Lula, por ter dito em edição do Jornal da Cultura da TV Cultura, que “Lula, além de mentir, é réu oculto do mensalão e chefe do “petrolão”, esquema de propinas investigado na Petrobras”.

O que decidiu a Justiça

A juíza do caso, Eliana Cassales Tosi, da 30ª Vara Criminal de São Paulo, absolveu o  apresentador Marco Antônio Villa das acusações de calúnia e injúria a ele atribuídas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob o argumento de que “pessoas públicas, ao mesmo tempo em que estão sujeitas a elogios da população, também podem ser criticadas com a mesma intensidade. E esse é um risco assumido por quem ocupa cargos públicos ou se expõe ao crivo da sociedade”.

Aparentemente, um processo de iniciativa do prefeito, dentro dessa cena no supermercado, só proporcionará desgaste à  sua imagem e demonstra falta de bom senso da assessoria. Sem contar a possibilidade de a população ficar torcendo pela mulher e se voltar contra o prefeito, por entender ser descabida uma providência judicial, no caso. E sem contar ainda que, em tese, o desfecho poderá ser igual ao do caso de Lula x Marco Antônio Villa. Aí, sim, quem levaria a pior, inquestionavelmente, seria o próprio Galileu.

    Quem cala consente...

Outra assessoria que pode estar cometendo erro é a do presidente da Câmara Municipal, Rodrigo Kaboja. Há meses, Kaboja anda às turras com o vereador Matheus Costa (CDN). Em reunião ordinária da Casa, Matheus Costa, ao reclamar que o prefeito Galileu lhe nega informações, disse que parte da culpa era da ineficiência do presidente da Casa,  Kaboja, que “fica lá dentro (sala da Presidência) fazendo outras coisas, conversando fiado, fazendo fofoca e fuxico”.

Até onde sei, esta declaração do edil não foi contestada pelo presidente e tudo ficou naquela linha do “quem cala consente”.

E como quem cala consente...

O que a assessoria política do presidente da Câmara não levou em conta é que depois de falar que Kaboja “fica conversando fiado, fazendo fofoca e fuxico”, Matheus iria partir para outro ataque aos erros e contradições do presidente. E a oportunidade veio quando Kaboja adentrou os corredores da Câmara com um cachorro e o deixou por quatro horas preso na sala de máquina. E em vez de apaziguar a relação entre o presidente e o edil, a assessoria política permitiu que Kaboja colocasse mais lenha na fogueira, acusando o assessor Tite, de Matheus, de também manter no seu gabinete por quatro horas um periquito.

Sabe o que se pode deduzir de tudo isso? Vem mais ataque por parte de Matheus e de Kaboja, se a assessoria não entrar em campo e apaziguar esta relação.

Mas...

Para aliviar as críticas às assessorias, lembro também que às vezes o assessorado é que é um "cabeça dura", que não escuta sua assessoria.

Para evitar desgastes, o ideal é que os assessores, nesse caso, peçam demissão do cargo.

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