Preto no Branco - 29/12/2017

Lance surpresa 

O prefeito Galileu Machado (PMDB) fez ontem, aos 45 do segundo tempo do jogo do IPTU, uma jogada inesperada pelos adversários na Câmara. A poucas horas da votação, marcada para a manhã de hoje, ele pediu a retirada do projeto EM 005/17, que prevê as alíquotas de base dos valores do imposto. 

Agora vai? 

Com isso, serão mantidas alíquotas atuais de 1%, 3% e 4%. Antes o governo queria diminuir para 0,30% e 0,40%.  A manobra pegou de surpresa os vereadores que já corriam pro abraço em comemoração à prevista rejeição do texto. Um deles, Kaboja, demonstrou completa incredulidade quando Marcos Vinícius deu a notícia, no apagar de luzes da reunião ordinária de ontem. Em uma análise rápida, ele concluiu que a mudança pode render aumento no imposto a partir do ano que vem. 

Como assim? 

O próprio porta-voz arregalou os olhos quando transmitia a mensagem. “Como assim, prefeito?”, perguntou. Em coletiva de imprensa após o anúncio, o pastor disse que subiria a Paraná para entender o que se passa na cabeça de Galileu. “Acho pouco provável que ele mantenha as alíquotas praticadas em 2017”, preconizou o incrédulo vereador. 

Só na pressão 

É esperada a presença de manifestantes hoje na Câmara. Como se sabe, políticos e panelas são bem parecidos. Ambos funcionam na pressão. E a pressão popular, a depender do tamanho, deve inibir ainda mais a já distante aprovação do reajuste. 

13º 

Ao anunciar o pagamento do restante do 13º do funcionalismo, a Prefeitura encheu o peito e tascou em nota que a liberação do ICMS atrasado de dezembro ocorreu depois de o Município “pressionar o Governo de Minas, inclusive com a possibilidade de judicialização” (processinho). A administração se esqueceu de citar que o repasse foi feito a todos os 853 municípios de Minas. Ou a Prefeitura está com um poder descomunal ou exagerou um pouquinho na participação.

Calamidade... 

A Prefeitura também parece ter exagerado nos efeitos junto à opinião pública ao decretar calamidade financeira na Saúde. Diante do anúncio, o que mais se ouviu em meio aos cidadãos comuns foi: “Ué, mas já não estava uma calamidade mesmo? Qual a novidade?”. 

...e liberdade 

A novidade é que, ao reconhecer a calamidade, a Prefeitura ganha liberdade legal para tomar algumas medidas. Começou limitando e reorganizando alguns serviços. Convém os fiscalizadores ficarem atentos para que essa liberdade não vá além dos limites e acabe servindo para castigar ainda mais a população. 

Fortes emoções 

Quem achava que as atípicas sessões de fim de ano da Câmara seriam monótonas, com muitas leituras de emendas e 17 palavras finais sobre a proposta de aumento do IPTU se enganou. Edson Sousa e o blogueiro Geraldo Passos, do “Divinews”, estão em pé de guerra. Tudo começou quando o membro da imprensa chamou de “surto” a reação do vereador ao ser perguntado se apoia interesses de empresários. Edson criticou o tipo de jornalismo praticado por Geraldo, revelou quanto ele ganhou de publicidade da Câmara neste ano e prometeu processá-lo. O outro, por sua vez, disse que revolucionou a imprensa local ao usar a internet para defender suas opiniões e disse que vale o quanto recebe. Os próximos dias prometem novos ataques. Quem viver, verá.

Por Ricardo Welbert

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