Preto no Branco - 17/10/18

Revolta que não passa

O vereador Adair Otaviano (MDB) continua “pê da vida” com o prefeito Galileu Machado (mesmo partido). Ele considera “um absurdo” que o gestor tenha apoiado a candidatura do vice-prefeito Rinaldo Valério (DC) a deputado estadual em vez de ter apoiado a dele. Em entrevista recente ao Agora o presidente da Câmara prometeu mais rigidez na relação com chefe do Executivo. Afirmou que se o governo apresentar algum projeto prejudicial à população, votará contra, sem considerar o prefeito. Ora, antes votava favorável a projeto prejudicial à população?

Fúria na Câmara

Durante a reunião ordinária de ontem, Adair “meteu a língua” no prefeito e na Prefeitura. Criticou vigorosamente um suposto projeto que o governo pretenderia enviar ao Legislativo para aumentar em 25% os salários de quatro diretos. Claramente uma pauta prejudicial à população, certo? Além disso, criticou a Secretaria de Meio Ambiente pelo que chamou de “demora na remoção das árvores que correm o risco de cair na cidade”.

Menos dinheiro

As eleições deste ano permitiram ao Brasil a conquista de um objetivo há muito desejado: a redução dos custos de campanha, fruto das revelações feitas pela operação Lava Jato, da Polícia Federal. Segundo reportagem publicada na “Folha de S.Paulo”, os candidatos ao Congresso, ao Senado, às assembleias estaduais e à Presidência da República arrecadaram só R$ 2,8 bi. Parece muito? Há quatro anos foram R$ 6,4 bi nos dois turnos.

Honestos?

Seria ingenuidade imaginar que não haja casos de caixa dois nas eleições deste ano. Não resta, porém, dúvida de que o país reverteu uma tendência de encarecimento contínuo dos pleitos. Isso mostra que os candidatos agora podem, através da internet, levar suas mensagens aos eleitores sem a necessidade se gastar montanhas de dinheiro público e privado com marqueteiros contratados a peso de ouro e efeitos especiais dignos de cinema para atrair a atenção e o voto na propaganda de TV.

Nem tudo o que reluz...

Na disputa de 2014, a chapa vitoriosa (?) de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) declarou mais de R$ 300 milhões em arrecadação oficial. Agora o petista Fernando Haddad diz ter tido pouco menos de R$ 50 mi no primeiro turno. O adversário dele, Jair Bolsonaro (PSL), não chegou aos R$ 2 mi.

...é ouro

Não significa que o Brasil encontrou a solução definitiva para o financiamento eleitoral. Impedidos de receber grandes quantias de dinheiro de empresas que poderiam vir a beneficiar, os candidatos agora focam na ampliação dos fundos orçamentários destinados a pagar as contas dos partidos e das campanhas, que chegam a R$ 2,7 bi.

Poder transferido

Essa mudança na lei concentra poderes nas cúpulas das legendas. Passou a permitir o autofinanciamento dos candidatos – o que concede vantagem absurda aos muito ricos.

Ainda falta

Reduzir a arrecadação das campanhas ainda não é a grande solução. Ainda é preciso aprimorar (e muito) a forma como os partidos podem receber, processar e gastar dinheiro.

Por Ricardo Welbert, interino

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