Presidente da Câmara de Iguatama, assessor e ex-vereador são presos
Gaeco/Divinópolis investiga organização criminosa, peculato, desvio e fraude em licitações
Flávio Roberto Pinto
Uma investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/Divinópolis) resultou na prisão do presidente da Câmara Municipal de Iguatama, Herivelto Ferreira Pedros, de um assessor jurídico da casa legislativa e de um ex-vereador. Todos foram presos preventivamente na manhã desta quinta-feira, 19, durante a operação “Casa dos Espíritos”.
O Ministério Público (MP) apura os crimes de organização criminosa, peculato, desvio e fraude em procedimentos licitatórios relacionados à Câmara Municipal. Os presos estão em Arcos.
O promotor de justiça Ângelo Ansanelli, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/Divinópolis), informou que as fraudes estão relacionadas às contratações de serviços de faxina, limpeza de caixas d’água e táxi.
– Os investigados colocavam pessoas como se tivessem prestado os serviços e dividiam o dinheiro entre eles – explicou em entrevista ao Agora.
O Gaeco investiga ainda crimes relacionados a desvio de combustível e de gêneros alimentícios. Conforme detalhou o promotor de Justiça, um vereador viajou para fins particulares em carro oficial no dia 10 de fevereiro de 2017. Aconteceu um acidente e o carro ficou parado em uma oficina em Arcos, porém, oficialmente, continuou sendo “abastecido”.
Ainda de acordo com Ângelo Ansanelli, uma colaboração premiada indicou aquisições de gêneros alimentícios em quantidades e valores “absurdos” para o porte do Poder Legislativo de Iguatama.
– Este material não foi encaminhado para a Câmara Municipal – ressaltou o promotor de Justiça.
Há ainda uma investigação sobre a existência de funcionário fantasma no Legislativo.
Justiça
Ao todo, foram expedidos 16 mandados busca e apreensão e três de prisão temporária, além de medidas de afastamento do serviço público (uma recepcionista, uma contadora e um contador do município que fazia a contabilidade da Câmara). Foram afastados ainda mais dois vereadores.
Em alguns casos, foram aplicadas medidas cautelares como recolhimento noturno e nos dias de folga e vedação de contato com as testemunhas em relação a pessoas que supostamente teriam prestado serviços para a Câmara Municipal, servidores e vereadores investigados.
Ângelo Ansanelli enfatizou a agilidade com que a Justiça emitiu os mandados.
– Gostaria de ressaltar a prestatividade e a firmeza das decisões do Poder Judiciário de Iguatama, na pessoa do juiz de Direito Altair Resende de Alvarenga – comentou.
As investigações começaram há cerca de quatro meses e contaram ainda com mais três promotores de Justiça: Eduardo Fantinati Menezes, de Arcos; Eduardo Almeida, de Lagoa da Prata; e Thiago Lauria, de Pintagui. A operação teve a participação e o apoio de 31 policiais militares, 17 policiais civis e dez servidores do Ministério Público.
O Agora aguarda posicionamento dos envolvidos.