Prefeitura nega ausência de vacinas e recebe 3 mil doses

Mais de 200 casos de febre amarela estão sob investigação; 23 mortes foram confirmadas

Rafael Camargos 

A febre amarela segue assombrando o dia a dia dos mineiros. E é para assustar mesmo. O surto da doença no estado começou no dia 9 de janeiro, quando foram notificados 23 casos. De lá pra cá, esse número apresenta um aumento constante e, hoje, estão sob investigação do estado em 29 municípios 206 registros. Destes, 23 mortes foram confirmadas e outras 31 estão sendo investigadas pelo Ministério da Saúde (MS). Em Divinópolis, a população enfrenta algumas dificuldades para ser vacinada, mas, no final, tem conseguido se imunizar. 

A reportagem recebeu informações de que estaria faltando vacina em algumas unidades de saúde. Porém, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Divinópolis, não estão faltando doses na cidade, o que ocorre é que a vacina se encontra na central e até ser distribuída para os postos leva algum tempo. Das 4 mil doses que a cidade iria receber nesta semana, só ontem, 20, a Central de Vacinas recebeu 3 mil doses. Um balanço com o número de pessoas vacinadas será divulgado no fim do mês. 

Vacinação  


Segundo o epidemiologista da Semusa, Osmundo Santana Filho, para se vacinar, é preciso apresentar o cartão de vacinas. Caso o cidadão já tenha se protegido, a reaplicação da dose é dispensável. Se o morador tiver perdido o documento, ele deve receber uma nova dose. A equipe técnica irá avaliar os casos. A imunização não é indicada a gestantes e mulheres que estejam amamentando, crianças menores de seis meses e idosos (acima dos 60 anos). Pessoas que têm doenças autoimunes também devem tomar cuidado.  

 
Postos 


A rigor, todas as pessoas que residem em Minas Gerais ou estão a caminho devem ser vacinadas. O estado todo é considerado transmissor da febre.  Mesmo sem campanha, a população tem buscado a imunização e Osmundo garantiu que a quantidade é suficiente para o número de habitantes. 

— Pessoas que residem em zona rural, que fazem turismo ou quem vêm de fora têm de estar em dia. A vacina está disponível em todas as unidades.  Não temos nenhum caso notificado, de acordo com a Superintendência Regional de Saúde (SRS), que monitora as 54 cidades — finalizou. 

 
Alerta 


Segundo o epidemiologista, o alerta foi divulgado em Divinópolis por conta das epidemias registradas em algumas regiões do estado neste mês, como no Vale do Rio Doce e adjacências. 

O alerta foi feito, segundo ele, ao profissional da saúde e à população, porque Minas Gerais passou a registrar neste mês uma epidemia da doença. Osmundo continua dizendo que, há 16 anos, não havia uma epidemia tão forte em Minas e que a doença chamou atenção novamente no Centro-Oeste devido à mortalidade de macacos na região de Tapiraí. 

— Em 2001, o Centro-Oeste registrou uma epidemia com 32 casos confirmados e 16 mortes. Isso evidenciou a circulação vírus amarílico na região. Isso fez com que reforçássemos o nosso entendimento sobre a doença, além do recente aumento na taxa de mortalidade de macacos em Tapiraí — esclarece o epidemiologista.  

Mesmo com muitas notificações, a Cidade do Divino não tem casos notificados e, se a população se vacinar, as chances caem ainda mais. 

— A prevenção e o controle são as melhores saídas. Existe a vacina e ela não tem imunização de grupos, é para toda a população. A única condição para que não haja casos e para que a epidemia esteja sob controle, é ter 100% das pessoas vacinadas, tanto na zona rural quanto na cidade — destaca.  

No estado, 206 casos estão sendo investigados. Pelo menos 23 mortes já foram confirmadas e outras 31 estão sob investigação. O governo irá encaminhar para as cidades de risco (29 ao todo) e para o resto dos municípios mais de 800 mil doses da vacina.  
 

 

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