Pra não dizer que não falei…

 Sobre as denúncias feitas por Marcelo Marreco, entendo que devem, sim, ser investigadas até porque há indícios de irregularidades. Por outro lado, há de se entender também o porquê de as mesmas terem sido feitas. Afinal, deu-se a entender a todo momento que o denunciante estaria agindo por retaliação.

Tem de ficar claro também que o prefeito é livre para nomear quem bem entender para cargos de confiança e que isso não é crime, embora algumas escolhas possam ser questionadas pela sua qualidade e competência. Há quem defenda preenchimento de todos os cargos por concurso, mas várias teses derrubam este modelo porque ele engessa a administração e torna o gestor refém dos concursados que, todos bem sabem, nem sempre trabalham para a coletividade; há maçãs boas e ruins como em todo pomar.

Sobre o ganhar sem trabalhar, entendo que houve uma dramatização na interpretação da fala de Galileu. Marreco diz que sabe fazer tudo na área de construção civil “até acabamento”, Galileu diz que ele vai ficar de coordenação, que não vai ter que trabalhar. Entendo que quis dizer pegar no pesado, por exemplo. Na linguagem dos mais velhos, trabalhar é serviço pesado.

Apesar de Geraldo Passos negar que tenha recebido aval da administração para nomear cargos, há sinais de interferência de Fausto Barros no processo e, sem questionar as qualidades ou defeitos do ex-assessor, pode-se dizer que é fato que ele está legalmente de impedido de atuar na atual gestão.

O jeito de fazer política mudou e quem não entendeu ainda corre o sério risco de ficar fora do cenário. Práticas antigas como conchavos e negociatas estão na mira da população, que, com a publicidade dada aos escândalos de Brasília, passou também a observar a política local. O divinopolitano também está mais atento e quer bom uso do dinheiro de seus impostos, que, afinal, são muitos e em todas as esferas vêm retornando em serviços de péssima qualidade. Assumir desgaste de terceiros não é uma boa estratégia para quem quer um mandato renovado.

O que não pode ocorrer de forma nenhuma é a máquina administrativa, envolvendo aí tanto Executivo quanto Legislativo, ser usada para fins pessoais, seja por vingança ou qualquer outro interesse. 

Nem direita, nem esquerda 

As discussões polarizadas sobre modelos de gestão de esquerda e direita vêm criando verdadeiros “memes” de internet. Recentemente uma filósofa (de esquerda) defendeu que o problema de quem é contra o Lula é de origem sexual. Ela chega a dizer que Lula é o crush (gíria para paquera) de todo mundo. Da mesma forma, internautas (da direita) chegaram a dizer a que culpa das pessoas que perderam tudo no incêndio e desabamento de um prédio em São Paulo é delas mesmas, sem levar em conta que o Estado falhou com vários destes cidadãos ao não oferecer a mínima condição de moradia e empregabilidade.

No fim, os dois modelos, quando levados a extremos, são ruins. Na verdade, não é uma política de esquerda ou direita que vai melhorar o país. É preciso uma política de respeito, de investimento na educação e avanço científico, o que provocaria ampliação da oferta de trabalho e de áreas de atuação. É preciso trabalhar valores éticos e morais que se perderam e, quando digo isso, não me refiro aos valores extremamente conservadores que a direita costuma defender ou exageradamente liberais que a esquerda costuma valorizar. É preciso entender que no mundo tem espaço para todos serem e se expressarem da maneira que bem entendem, mas sempre respeitando o espaço do outro. Regras de convivência social devem existir.

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