Política é coisa séria

Em Divinópolis, a “coisa” funciona mais ou menos assim: acaba uma novela, começa outra. O que mais estarrece nisso é que, na maioria delas, os atores são os políticos, que deveriam representar o povo Neste quesito,  o divinopolitano está em último lugar. Pois bem, a mais nova polêmica da cidade é a tal usina de asfalto. O deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania) viabilizou o projeto por meio de uma emenda de R$ 1,5 milhão, do senador Carlos Viana (PSD), e aí começou o jogo de empurra em mais uma famosa uma novela mexicana. Em um primeiro momento, o prefeito Galileu Machado (MDB) recusou, sob alegação de que, para produzir o material, seriam necessários altos investimentos na aquisição, acondicionamento e preparo de insumos, além de autorizações ambientais e treinamento específico, tudo isso para uma subutilização. O Município justificou ainda que a cidade consome 25 toneladas, enquanto a produção da usina chega a 400.

Até aí tudo bem? Não, não está tudo bem! A verdade é que não há um só quarteirão de Divinópolis que não tem buraco. Até mesmo as ruas do Centro e dos bairros mais próximos estão tomadas pelas aberturas; dos bairros mais afastados, então, nem se fala. E aí os políticos divinopolitanos tinham os ingredientes perfeitos nas mãos para começar mais um drama. Uma usina de asfalto à disposição, a recusa do prefeito, uma população insatisfeita e os politiqueiros de plantão que adoram colocar “mais lenha na fogueira”. Junte isso tudo com o ego mais alto do que o maior edifício de Divinópolis.  

E, desde janeiro, quando o recurso foi anunciado, é só vídeo para lá, para cá, um político trabalhando mais para difamar o outro, a chuva que não para, as ruas cada dia mais esburacadas, as redes sociais tomadas por “cientistas políticos”, e por aí vai, o caos mais uma vez instaurado em Divinópolis. Resolver o problema da cidade que é bom, nada! O povo que se vire, pois os políticos estão tão voltados para seus próprios umbigos que não sobra tempo para pensar na população.

Alguns chegam a exceder em suas obrigações e se esquecem de que, até mesmo para representar um povo, existe limite. Limite de tempo, de espaço, e exige, mais do que tudo, qualificação técnica, paciência e sabedoria. Afinal, o ego e os vídeos não tirarão a cidade do buraco em que ela se encontra, literalmente. Quando Executivo e Legislativo não conseguem dialogar e começam uma guerra de egos é isso o que acontece: a cidade vive em constante caos. A situação chegou a tal ponto, que, na última segunda-feira, Prefeitura emitiu nota lamentando que a usina de asfalto esteja sendo utilizada para fazer politicagem. Bom, se a Prefeitura lamenta, imagina o povo?!

Diante mais uma novela, mais um caos, mais uma falta de “tato” do Poder Executivo e do Poder Legislativo em lidar com assuntos tão sérios como este, está nas mãos do povo tirar a cidade do caos. Como? Em outubro, nas urnas eletrônicas. Talvez, se a população se atentar para o fato de que política é coisa séria – e deve ser discutida, sim – e se abrir para o diálogo, Divinópolis ganhe nas próximas eleições. Afinal, ego e vídeos em redes sociais não fazem uma cidade crescer nem sair dos “buracos”.

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