Polícia Civil dá mais detalhes sobre interdição de clínica de reabilitação

Pacientes estariam sendo agredidos por funcionários

Rafael Camargos

A Vigilância Sanitária de Divinópolis interditou ontem, 2, a clínica de reabilitação “Ser Livre”, após receber denúncias de que alguns pacientes do local estariam sofrendo maus tratos.

A clínica fica no povoado de Boa Vista e estava com 42 internos, entre jovens e adolescentes. Os pacientes buscavam tratamento contra a dependência das drogas. Representantes do Ministério Público (MP) e da Polícia Militar (PM) também estiveram no local.

De acordo com a Prefeitura de Divinópolis, os internos serão encaminhados a um abrigo do Município até que os responsáveis por eles, que foram avisados por telefone, escolham outros locais.

Além da unidade masculina, onde foi feita a varredura, a “Ser Livre” possui ainda uma clínica feminina, onde também teriam ocorrido agressões a internos, segundo outras denúncias.

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso, uma vez que uma das vítimas foi socorrida pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu) e encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde morreu.

A reportagem do Agora tentou contato com a clínica envolvida, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria.

Depoimentos

De acordo com o delegado Marco Antônio de Morais, responsável pelo caso, a pedido do MP uma equipe de fiscais da prefeitura esteve no local para fiscalizar a unidade e outras três próximas. Um total de 100 pacientes. Segundo o delegado, as instalações físicas não apresentavam nenhum tipo de irregularidade, porém não está com a documentação em dia. Sobre as agressões, ao conversar com alguns pacientes eles afirmaram exagero dos profissionais ao dar castigo aos pacientes que não cumprem as determinações ou não realizam tarefas solicitadas.

— Foi dito, que eles estariam dopando pacientes e mantendo em castigo por horas. As denúncias apontavam também que os pacientes eram amarrados — explicou o delegado.

Apesar dos depoimentos, o médico legista não constatou nenhum sinal de agressão ou lesão no paciente examinado.

Providencias

Ao ser questionado pela reportagem se as agressões e os castigos praticados pelos funcionários se enquadrariam no crime de cárcere privado, Marco Antônio disse que foi registrado contra o responsável técnico da clínica um Tremo Circunstancial de Ocorrência (TCO).

 — Fizemos o TCO por possível maus-tratos com base na denúncia do paciente e vai ser encaminhado ao juizado de pequenas causas. Tiramos cópias dos documentos e serão encaminhados a outra delegacia — explicou.

 O responsável pela “Ser Livre” não foi preso.

Segundo momento

Segundo Marco Antônio de Noronha, as investigações continuam, e uma segunda investigação será aberta para verificar se de fato as agressões estavam ocorrendo e, se caso forem comprovadas, enquadra o crime de cárcere privado. — O objetivo da segunda investigação é para chegar nesse sentido. Temos informações que uma paciente morreu na clínica. Isso pode comprovar um crime mais grave — concluiu.

 

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