Perigo do trono

Israel Leocádio 

Olá! Como vai? Quero conversar com você sobre a sabedoria, que anda perto de nós e que nossa irreverência ou displicência trata como “dito popular”. Prefiro tratá-la como “sabedoria popular”. Pois, na minha leitura, trata-se da sabedoria que, de tão verdadeira e presente na vida, tornou-se presente no discurso de todos. Até os mais simples a tornaram usual. Muitas são as frações de sabedoria que se tornaram populares. Contudo, quero falar de uma em especial – a que afirma: “Quer conhecer alguém? Dê-lhe poder. Quer conhecê-lo melhor? Tire o poder que lhe foi dado!”. Isso não é um dito popular. É grande demais para ser classificado como algo menor que sabedoria.

De fato, é a mais pura verdade que se percebe entre nós. Muitas outras verdades colaboram com a que citamos acima, como: “o poder corrompe”; “o poder revela o corrupto”. Estas são verdades! O poder mexe fortemente com o indivíduo. O poder é como uma entidade, um deus, que se apossa de alguns indivíduos, revelando o pior que há neles, quando se espera deles o melhor. O poder é perigoso. Digo mais: o trono é perigoso! Um reles plebeu, humilde e humano, se colocado no trono, pode ser possuído pelo poder, e o pior de si mesmo em pouco tempo se revela. A história nos deixa exemplos, igualmente, a vida, e até a Bíblia. Nela encontramos a história do primeiro rei de Israel, Saul. Homem de uma vida simples, um “servo” fiel ao seu pai. Um homem que se destacava por seu tamanho, mas também por sua simplicidade. No episódio de sua escolha para o trono, mostrou-se humilde e tentou fugir (1 Samuel 9.21). Mas, já no trono, cheio das regalias proporcionadas pelo poder, tempos depois, encontramos um homem arrogante, prepotente e enciumado (1 Samuel 18.8). O poder revelou o pior homem que havia em Saul. Então é verdade: “Dê poder a alguém e você o conhecerá”.

Porém o poder é tão perigoso que, a distância dele, também se pode perceber suas vítimas. Enquanto os que alcançam poder sofrem de “ego coroado”, os que não o alcançam sofrem de “ego ferido”. Ambos são vítimas do desejo do poder. Sendo, nos dois casos, revelado o indivíduo oculto e escondido detrás do sorriso na busca da aprovação de todos (pelo menos, dos que possam colocá-lo no poder). Enquanto todos são candidatos ao trono e ao poder que ele pode proporcionar, agem com leveza. Mas alguns são feras enjauladas dentro das grades do teatro social. No entanto, tão logo o trono dê o seu poder a alguns, todas as feras são soltas; e sua ira fará suas vítimas. 

É verdade: “Tire o poder de alguém e você o conhecerá ainda melhor”. A história da humanidade, bem como aquela que anda ao nosso lado, mostra bem isso: como as pessoas mudam quando são tiradas do tão sonhado poder. A mesma fera que estava aprisionada até alcançar o poder é liberta quando a jaula do teatro social é aberta com as chaves da reprovação popular. E fazem suas vítimas. Atacam sem medo e a todos. Buscam culpados e querem destruí-los. São feras que não sabem lidar com a realidade da rejeição. Não aceitam a ideia de que não conseguiram convencer, nem com seu melhor sorriso e suas melhores frases de efeito. São pessoas que vivem a síndrome do trono não alcançado. São (muitos deles) incapazes de enxergar suas falhas. Por acreditarem demais no espelho de sua vaidade, preferem a ideia de que um outro alguém (não sua incapacidade) é responsável pelo fatídico e anunciado desastre.

O trono é perigoso! Muitos que se assentaram nele deixaram um legado de injustiça, além de entrarem para a história de forma negativa. Enquanto outros entram para o rol dos que não chegaram ao trono e, igualmente, deixam um legado de injustiça, fazem acusações aos “culpados” de sua vaidade e arrogância incontida.

Gostaria de saber quais pessoas não se encaixam na sabedoria popularizada e o poder ou ausência dele não mudaram seu bom caráter (nunca saberemos!). Resta-nos obedecer às orientações bíblicas, sujeitando-nos a todas as autoridades, pois coube a Deus que chegassem ao poder. E orar por todos aqueles que nos governam, Porque, fazendo assim, podemos interferir nos resultados que, certamente, nos alcançarão. Pense nisso!

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