Pais deixam de vacinar filhos e sarampo volta a preocupar

Gisele Souto

O surto de sarampo que vem afetando alguns estados do país com inúmeros casos começa a preocupar em Minas Gerais, o que não é diferente em Divinópolis. As autoridades em saúde já estão em alerta para o chamado à prevenção e à orientação.  É o que está fazendo o Setor de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). Como ocorre em diversos municípios brasileiros de alguns anos para cá, a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS), que é de 95%, não vem sendo alcançada em Divinópolis. Para se ter uma ideia, em 2017, o percentual chegou apenas a 80%, considerado muito baixo por especialistas da secretaria. 

Neste ano, não está sendo diferente. A soma é feita por semestre e a estatística fechada em junho não são nada animadoras. A cobertura chegou a 70%, dando indícios de que o ano fechará igual ou pior ao ano passado.

O que isso significa? De 1.369 pessoas que deveriam ter sido vacinas, apenas 970 tomaram a dose. Isso significa que, das 95% que precisariam ser imunizadas, 70% foram, um déficit de 20%.

Quem deve tomar

Ao contrário do que muita gente pensa, não são somente as crianças devem tomar a vacina contra o sarampo. Elas tomam a dose com um ano de idade e o reforço três meses depois. Porém, a enfermeira da Central de Imunização da Semusa, Raquel Silva Assunção, explica que pessoas de todas as idades podem e precisam tomar a vacina.

— Se a pessoa não tomou quando criança, até 29 anos de idade, ainda recebe duas doses: a primeira e, 30 dias depois, segunda. Agora, se ela tem de 30 a 49 anos, apenas uma dose é suficiente. Varia de acordo com a resposta do corpo de cada pessoa, que fica imunizada para o resto da vida — explica.

Acomodação

A baixa procura pela vacina, segundo Raquel Silva, tem uma explicação. De acordo com ela, as pessoas tendem a se acomodar quando não se tem registros de casos, o que acontece com o sarampo e a poliomielite. Ela diz que aí ocorre o erro grave, porque elas acham que não precisa mais e aparecem os surtos.

— O Brasil possui um dos melhores métodos de imunização do mundo, o que vem sendo feito desde 1973. As vacinas estão disponíveis em todas as unidades de saúde do município e nunca estiveram em falta. Basta apenas procurar uma delas — sugere.

Sobre a poliomielite, a enfermeira explica que ainda não se tem os números contabilizados, pois ainda estão recebendo as informações. Ela prevê que eles estejam completos no próximo mês, quando ocorre a campanha de vacinação contra sarampo e pólio, do dia 6 a 31.

Pode matar

O sarampo é uma doença infecto-contagiosa causada por um vírus e é uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil em países do terceiro mundo. No entanto, no Brasil, segundo Raquel Silva, graças às sucessivas campanhas de vacinação, a mortalidade é baixa. Porém, ela alerta para a necessidade da vacina por se tratar de uma doença grave e, principalmente, por ser contagiosa, já que, por atingir o aparelho respiratório, como a gripe, é transmitida pelo ar.

— É muito importante que a população entenda a importância de se vacinar. Peço que ela fique atenta e quem ainda não está imune vá à unidade de saúde mais próxima na campanha de agosto — finaliza.

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