Os bastidores dos 6 a 1

Batendo Bola

 José Carlos de Oliveira

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No dia 4 de dezembro de 2011, um domingo, a China Azul vivia o seu maior pesadelo. O risco de cair para a Série B – a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro – nunca foi tão real. E para piorar a situação, naquele ano a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) marcou para a última rodada os clássicos regionais. Era 8 ou 80. Não dava para correr. A Raposa teria que vencer o clássico contra seu maior rival, o Atlético, para escapar do rebaixamento.

 Seis anos 

Esta semana, quando se comemora seis anos daquele fatídico, e ao mesmo tempo alegre fim de semana para o torcedor azul, vale relembrar alguns detalhes que cercaram aquele duelo entre Cruzeiro e Atlético, que foi disputado na Arena do Jacaré, na cidade de Sete Lagoas.

 Tudo contra 

As notícias que antecederam o jogo decisivo não eram das melhores para os cruzeirenses. Três de seus principais jogadores naquela temporada estavam fora do clássico. Na rodada anterior, empate sem gols com o Ceará, o goleiro Fábio, o volante Marquinhos Paraná e o camisa 10 Walter Montillo, o craque do time naquela época, haviam levado o terceiro cartão amarelo e estavam suspensos.

 Atlético tranquilo 

Do outro lado das Minas Gerais a situação era tranquila. Rodadas antes (naquele ano os dois grandes brigaram nas últimas posições quase todo o campeonato) o Atlético atingira seu objetivo, afastando da Cidade do Galo o pesadelo da Série B, e iria a campo com o que tinha de melhor.

 Do pesadelo à festa

 Se antes de a bola rolar, a torcida azul era só apreensão, depois do apito do árbitro, o time passou a protagonizar uma partida que iria entrar para a história dos clássicos. Com menos de 10 minutos de jogo, Anselmo Ramon arrancou pelo lado direito do ataque e cruzou na medida para Roger Flores tirar o zero do placar. Começava ali o alívio.

 Goleada 

Ainda na primeira etapa o Cruzeiro chegou aos 4 a 0, com gols de Leandro Guerreiro (de cabeça), Anselmo Ramon e do volante Fabrício. O time foi para o intervalo com um resultado que ninguém esperava. Mas ainda havia tempo para mais. O time azul ainda fez mais dois gols, com Wellington Paulista e Ewerton, com Réver descontando para o Atlético, na goleada por 6 a 1.

 Provocações 

A partir daí nascia uma provocação que vem movendo as duas torcidas ao longo dos anos. O cruzeirense sempre lembra dos 6 a 1, e o atleticano replica com a goleada de 9 a 2, a maior dos clássicos, que foi registrada há 90 anos, no estadual de 1927.

 MANGUEIRAS BRASIL

 Valia mais 

Mas a história daquele clássico de 2011 valia bem mais que qualquer placar, fosse por meio a zero a vitória azul seria como se fosse de 10 a 0. O que importava naquele momento era vencer. Ser rebaixado para a Série B num duelo direto contra o Atlético seria uma mancha que jamais seria apagada da história da Raposa. Seria uma marca que ficaria para sempre.

 O outro lado

 E esta é a maior frustração da Massa. O que corrói a alma da torcida atleticana não é o placar de 6 a 1, mas sim o fato de ter tido em mãos (um simples empate bastava) a oportunidade de manchar a história do Cruzeiro nos clássicos, como o dia em que conseguira, em campo, mandar a Raposa para a Série B e foi impotente para isso.

 A verdade

 E a grande verdade que ficou para o atleticano aquele clássico, não são os 6 a 1 que machucam, sim, pois em futebol tudo pode acontecer, mas o fato de o time não conseguir impor uma Série B ao torcedor celeste. Isto sim é algo que o torcedor alvinegro nunca irá esquecer e nem perdoar. O Galo levou de 6 num clássico onde não poderia perder por placar algum. Esta sim é a maior lamentação da Massa até hoje.

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