Oferta e demanda na prática – Casos da Alemanha

Marcos Fábio 

Aproveitei minha estada na Alemanha para dar o que tenho nos insights que não param de chegar à minha mente, à medida que fui degustando a cultura daquele país.

A Alemanha, com 83 milhões de habitantes, é um país cuja extensão territorial equivale a 60% do estado de Minas Gerais, que tem 21,2 milhões de habitantes.

Diferentemente do Brasil, em que temos espaços em excesso, e milhares e milhares de imóveis disponíveis para locação (frutos da concentração de renda e da cultura de investimento em imóveis), lá, onde não há uma concentração de renda excessiva e nem espaços de sobra, a realidade é outra.

Ver um o imóvel para locação é raro. Enquanto aqui no Brasil corretores imobiliários se matam disputando clientes “centímetro a centímetro”, na Alemanha ocorre justamente o contrário.

Quando aparece um imóvel para ser alugado por lá, o corretor marca um dia de visitação, no qual várias e várias pessoas visitam imóvel ao mesmo tempo.

Em seguida, cada um faz a sua oferta e o corretor, segundo sua análise (julgamento pessoal), decide para quem ele vai alugar.

Não são raros os casos em que se aluga um apartamento por um valor superior ao que estava sendo pedido, em função da demanda.

Lá a palavra vale e o “fio do bigode” tem a força de um contrato.

A prova disso é que a nossa guia, uma brasileira casada com um alemão, nos contou que, no dia do seu casamento, ao ser perguntada se desejava se casar, respondeu sim de mãos dadas com seu marido sobre a Bíblia e já foi considerada casada, antes mesmo de assinar qualquer coisa. Se quisesse desistir do casamento a partir dali, teria que fazer os mesmos trâmites como se tivesse assinado todos os documentos.

Voltando ao assunto da oferta e da demanda, não é só no mercado imobiliário que isso acontece.

Como a renda lá é bem distribuída e o alemão tem dinheiro para poder ir ao consumo, as lojas não estão muito preocupadas em atender bem o cliente, como se prega tanto aqui no Brasil, afinal de contas, existe um fluxo contínuo em uma demanda sempre disposta a encontrar o produto.

Assim, a grande preocupação do varejo é não deixar faltar o produto e ter processos que permitam ao cidadão alemão pagar e sair rapidamente do estabelecimento.

Atendimento pessoal? Para quê, se o consumidor já é mais do que bem informado a respeito do produto e sempre tem à sua disposição um “QR Code” para tirar as suas dúvidas? Não é à toa que a Euroshop levou muita tecnologia de meios de pagamento, aliada a ambientes que melhorem o bem-estar do consumidor na loja, para que ele possa comprar mais, e muito pouco se falou em atendimento pessoal.

É, meus amigos, a boa e velha lei da oferta e da procura pode mudar tudo. Já imaginou se tivéssemos esse cenário aqui no Brasil? Certamente haveria uma inversão e deixaríamos de nos preocupar tanto com atendimento e passaríamos a nos preocupar mais com tecnologia, produtividade e eficiência de processos dentro do estabelecimento.

Melhor ainda seria se tivéssemos os dois mundos!!!

Bom fim de semana a todos!

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