O jovem rico

João Carlos Ramos

 

O jovem rico

 

...Venda tudo que tens e dê o dinheiro aos pobres e terás um tesouro nos céus (Mateus 19:21). O versículo bíblico descrito trata-se de um homem sedento de vida eterna que pergunta ao autor da vida, Jesus Cristo, o que deveria fazer. A resposta foi rápida e cabal. O homem que mora nas alturas do pensamento desce à terra, apenas para sobreviver... E uma outra escritura sagrada, a Bíblia diz:

"...o que vale o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos 8:36). O homem era jovem e tinha, talvez, um futuro brilhante, visto que era possuidor de grande fortuna e sabemos que para os ricos as portas estão sempre abertas. Uma porta diferente se abriu diante dele e tal porta era de um tesouro incalculável, que residia nos lábios do grande mestre, Jesus Cristo.

Abrindo um parêntesis, sabemos que um homem rico possui as chaves para abrir a vida dos prazeres com lindas mulheres, tendo orgasmos na palma da mão. Possui um exército de amigos de plantão e se alimenta de tudo que é bom e melhor. Também pode influenciar os outros, pois um simples telefonema, um cochichar nos ouvidos determina, em vários casos, o sucesso ou infortúnio de alguém. Aquele jovem começou a raciocinar e chegou à conclusão de que "vale mais uma andorinha na mão de que duas voando", como diz o provérbio. Tão logo concluiu o raciocínio, para não decepcionar o mestre, logo se retirou em silêncio. Observamos que o jovem rico não passou no primeiro teste, pois, em hipótese alguma, Jesus queria que ele vendesse tudo que tinha e praticasse a referida obra acima citada.

O ouro é levado ao fogo para ser testado e logo se torna objeto de interesse dos poderosos para o devido enriquecimento. Todos nós nascemos homens ricos, pois viemos ao mundo, na maioria dos casos, com todos os membros do corpo perfeito, principalmente a visão. As riquezas dos talentos são dados sem esforço ou merecimento. Uns nascem cantores, outros atores, professores etc., arrebatando multidões ou enriquecendo a outrem. Ainda que alguém venha a perder um membro, todavia, permanece o incomparável dom da vida. Portanto, em maior ou menor escala, todos nós somos ricos. A afirmativa é endereçada a todos nós, indistintamente: "Vende tudo o que tens...". A prova é colocada, diante de cada ser humano, como um pagamento natural, pois Deus deu a vida e a requer novamente. Muitos de nós nos rebelamos, exigindo o que não podemos ter e alguns até justificando a descrença por causa das mazelas do mundo. Deus nos dá a vida e devemos dar a vida uns pelos outros que são nossos irmãos de jornada. Somos pó e ao pó voltaremos, ainda que sejamos cremados. Alguém pergunta: — E aqueles que se declaram nossos inimigos, como devemos agir?

— Nada poderemos fazer para arrastar a montanha de seu lugar. Ela deve permanecer como está e devemos apenas prosseguir, seguindo a correnteza... Não parar nunca. Não lamentar e nem comentar em alguma parada. Tudo continuará como está e apenas você deve provocar sua mudança para melhor, sempre. É provado pela psicologia moderna que nossos problemas, em sua maioria, não são nossos, mas dos outros. Temos prazer em carregar toneladas no cérebro, enquanto uma palha nossa é irremovível. (O que acham as senhoras e os senhores?) Devemos carregar, apenas nossa alma, que graças a Deus ninguém vê, nem nós mesmos. Devemos doar nossas riquezas aos pobres deste mundo.

Observemos que o versículo prossegue: ...e terás um tesouro nos céus!

Alguém talvez não queira os céus, ainda que ele comece aqui. Uma coisa posso afirmar: a falta de provas quanto à vida eterna é mais uma prova que devemos enfrentar no vestibular da vida.

No meu caso, não preciso de ver para crer. Sendo poeta, estou acostumado a viver no mundo da lua. O invisível é mais fascinante, mais belo e poético. Deus não perde tempo em explicar nada aos pecadores. Ele não perdeu tempo nem com os anjos rebeldes. Deus tem o universo inteiro para administrar e lembre-se de que você é apenas um minúsculo ambulante. Não preciso de respostas para crer e nem para viver. Venda até essa ilusão de que você é alguma coisa e dê aos pobres.

Deus lhe conceda a vida eterna!

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