O banho do Marreco

A semana já começou movimentada na Câmara. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os áudios entregues por Marcelo Máximo de Morais, mais conhecido como Marcelo Marreco, no dia 24 de abril, fez a sua primeira oitiva. E o primeiro a depor foi ninguém menos que o próprio denunciante, Marcelo Marreco. Logo no início da oitiva, os presentes puderam ver o que viria pela frente. Afinal, boa parte da Comissão é formada por vereadores que fazem parte da base de Galileu Machado (MDB). A promessa era de que uma série de documentos já estava anexada, os trabalhos haviam começado há algumas semanas, os parlamentares, mesmo sendo da base do prefeito, estavam engajados na investigação e que a oitiva seria um show. Quanta decepção...

Quem esperou o “Xou da Xuxa” na manhã de segunda-feira, 25, viu foi, na verdade, o “Show do Marreco”. O pintor, que mexe com acabamento, com tudo da área da construção civil e tem a oitava série incompleta deu um banho nos vereadores, mesmo sem estar acompanhado de um advogado. Apenas Edson Sousa (MDB), opositor a Galileu, fez algumas perguntas importantes, que mostraram que Marcelo Marreco não possuía escolaridade e notório saber suficiente, para assumir o cargo comissionado de coordenador de Abastecimento e Segurança Alimentar, na Secretaria Municipal de Agronegócios. O ex-aliado de Galileu respondeu a todas as perguntas feitas pelos membros da comissão.

Ao que parece, sem entender muito bem a função de uma CPI — que é investigar, tomar depoimentos, ouvir indiciados, inquirir testemunhas, requisitar informações, documentos e serviços, inclusive policiais e judiciários, entre outras —, o vereador Raimundo Nonato (PDT) já foi logo acusando Marcelo. O vereador afirmou que Marreco estava mentindo sobre um de seus áudios, sem a CPI ter ao menos a perícia técnica da Polícia Civil. Nonato fez o papel de advogado do prefeito e tentou desqualificar uma das provas apresentadas pelo ex-aliado de Galileu, o decreto de sua nomeação.

Mesmo tento a assinatura de Galileu e do secretário de Governo, Roberto Antônio, o parlamentar se apegou à falta de assinatura do procurador do Município, Wendel Oliveira. Não importava as que já estavam lá. Marreco foi direto e objetivo, e pediu que os parlamentares apresentassem algum documento com a assinatura do prefeito e o do secretário municipal para comparar com as que estavam na cópia de seu decreto. O ex-aliado de Galileu foi mais longe e desafiou os vereadores a renunciarem seu mandato, após ficar provado na perícia técnica que as vozes nas gravações eram dele e do prefeito.

Não se pode deixar de citar também o momento em que Marreco e o vereador Josafá Anderson (PPS) começaram a “trocar figurinhas” sobre denúncias feitas no Ministério Público a respeito de asfaltamento do bairro Nova Fortaleza. No fim das contas, o ex-aliado de Galileu reafirmou tudo o que vinha falando desde abril, desafiou os vereadores e trouxe mais personagens para a arena. Falou o que quis, quando quis e como quis. Questionou Nonato sobre o prêmio “Destaque Servidor 2018” dado à diretora de Relações Institucionais e Comunitária da Prefeitura de Divinópolis, Patrícia Conceição Coelho, e saiu prometendo trazer novidades em breve.

Marreco deu um banho na Comissão. E deixou uma missão para os vereadores: melhorar seu desempenho nas próximas oitivas.

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