Novembro Laranja aponta para a saúde auditiva

 

Maria Tereza Oliveira

Não é raro encontrar alguém reclamando de zumbido no ouvido. O incômodo pode ser o indicativo de uma enfermidade que pode custar a audição, caso não seja tratada. Para conscientizar sobre esse e outros sintomas que podem acarretar em problemas nos ouvidos, foi criada, há dez anos, a campanha “Novembro Laranja”. Para entender mais sobre este assunto, o Agora ouviu a fonoaudióloga e audiologista Paula Fernanda Guimarães.

Conforme explicou a profissional, além do zumbido, a campanha abraça mais dois problemas comuns da audição: a misofonia e a hiperacusia. Paula ainda destacou que estes incômodos não são doenças, mas sintomas de alguma patologia.

Zumbido

Conforme aponta a Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação ao Zumbido (Apidiz), no Brasil há entre 34 e 48 milhões de pessoas que sofrem com a “zoeira” no ouvido. O levantamento foi feito pela associação com o apoio do Instituto Ganz Sanchez. Os dados finais mostram que houve um aumento expressivo em relação aos 28 milhões estimados há quase 20 anos. 

A fonoaudióloga explicou que o zumbido está relacionado com várias alterações, portanto, não é uma doença, mas um sintoma. Ele é um som percebido dentro dos ouvidos ou da cabeça, mesmo durante o silêncio.

— Quando o paciente começa a perceber um zumbido, que é um som gerado dentro do ouvido, mesmo que mínimo, é um sinal de alerta. Ele vem para avisar que há algo de errado acontecendo nas vias auditivas do paciente e ele precisa procurar um profissional — aconselhou.

Paula também destacou que o zumbido pode provocar dificuldades para ouvir. Pois, como ele é originário de várias complicações, mesmo como a perda de audição mínima, o otorrinolaringologista deve ser consultado.

— Tudo o que acomete nossas vias auditivas ou o metabolismo, por exemplo, ficar muitas horas sem se alimentar, consumir cafeína ou açúcar, pode ocasionar em zumbido — contou.

Misofonia e hiperacusia

Incluídas há dois anos na campanha, a misofonia é a intolerância a sons baixos e repetitivos, já a hiperacusia trata-se da intolerância ao volume dos sons.

— Sons como pessoas mastigando chicletes ou a ação de apertar a tampinha da caneta, por exemplo, podem ser extremamente incômodos para quem sofre com misofonia. A hiperacusia é quando a pessoa sente desconforto com o volume dos sons. Não precisam ser ruídos muitos altos, basta um som de um caminhão na rua, barulho de uma panela de pressão ou mesmo músicas altas — exemplificou.

A audiologista ainda classificou os três sintomas tratados no “Novembro Laranja”. Conforme ela explicou, o zumbido é um fator que ocorre dentro dos ouvidos do paciente. Já a hiperacusia e misofonia são ocasionadas por fatores externos.

Novembro Laranja

Paula explicou que problemas relacionados à audição são complicações cada vez mais recorrentes, com consequências incômodas e que, portanto, demandam cuidados.

— É para alertar a população sobre o que está ocorrendo. Este aumento [de problemas] também acontece em idades variadas. Então, tem de tomar cuidado desde criança para que na vida adulta não tenha a audição prejudicada — apontou.

Além dos profissionais da fonoaudiologia, a campanha reúne inúmeros especialistas da área que “abraçam” a causa. Desde 2014, a campanha recebeu o nome de “Novembro Laranja” e passou a ser promovida pelo Instituto Ganz Sanchez.

A profissional da audição aponta para a necessidade de investigar corretamente os sintomas para identificar e tratar adequadamente a raiz do problema. Além disso, ainda segundo Paula, o tratamento precoce pode fazer a diferença na recuperação do ouvido e da qualidade de vida.

Outro ponto da campanha é divulgar e enaltecer a abordagem multidisciplinar, que pode ser mais eficiente no tratamento, tanto do zumbido quanto das intolerâncias a sons. Paula finalizou explicando que a consulta a um otorrinolaringologista é indispensável.

 

Comentários