Nós podemos mais

Laiz Soares

A pandemia nos mostrou que nada está garantido. Sucesso, dinheiro, poder, nada disso pode salvar ninguém. Nem a juventude salva. Nossa cidade perdeu essa semana um jovem de 37 anos cheio de vida para a covid. Não é só sua família e amigos que o perderam. A nossa sociedade o perdeu. A dor é nossa. Perdemos sua criatividade, seu talento, seu futuro promissor.

 Será que alguém ainda acha que está ileso de morrer com essa doença? Até quando vamos continuar chorando perdas precoces como essa? Cada um que se vai é uma perda para todos. Cada vida importa. Cada morte é um sinal de fracasso da nossa sociedade no enfrentamento do vírus. Jovem ou idoso, sua hora foi antecipada, seu conhecimento acumulado perdido, sua família dilacerada pela dor. Não é porque é idoso que pode morrer. Essa é a maior prova de que vivemos numa sociedade sem valores, sem caráter. Quando alguém sofre, toda uma comunidade sofre, e isso impacta indiretamente em cada um de nós. 

As autoridades e a sociedade falharam no enfrentamento da pandemia. Uns mais, outros menos, mas nós todos falhamos como humanidade. Falhamos na hora de eleger nossos representantes, votando de forma inconsequente sem imaginar que eles teriam que enfrentar desafios enormes para os quais não estariam preparados. Falhamos ao não conseguir equalizar o distanciamento social com a sobrevivência econômica de todos. Falharam enormemente em demorar tanto para começar a pensar em adquirir vacinas. Agora pagamos o preço, e ele é caro.

Façamos nosso papel e exerçamos nossa cidadania cobrando de quem ocupa posições de poder um senso de urgência – muito em falta – para criarem soluções alternativas para agilizar a vacina, aumentar a fiscalização sanitária, cuidar da economia e das pessoas desamparadas e pensar inovações e medidas para o enfrentamento dessa situação tão grave. A impressão que eu tenho é que nossos governantes estão em outro planeta, parece que se anestesiaram e seguem tocando a vida. Agem quase como se não tivessem nada a ver com tudo isso. 

Banalizamos o mal, banalizamos a morte e a vida. Não podemos aceitar isso. Sei que estamos todos cansados, mas nós podemos mais. Sejamos vigilantes e atentos. Orai e vigiai. Resta-nos cobrar e fazer bem feita a nossa parte, tomando os nossos cuidados e tendo responsabilidade nos nossos atos. Depois de feito o que nos cabe, devemos nos apoiar na fé que salva, na ciência que nos traz soluções e na arte, que afaga a dor e alimenta a esperança. 

Sigamos com a coragem que nos resta, enfrentando todo dia um inimigo invisível que está cada dia mais próximo de todos nós. Tendo fé na vida e enfrentando o medo da morte, da nossa e dos nossos entes queridos, vamos juntos superar o medo do amanhã e vencer. 

Nunca Pare de Sonhar - Gonzaguinha

“Ontem um menino que brincava me falou

Que hoje é semente do amanhã

Para não ter medo que esse tempo vai passar

Não se desespere, nem pare de sonhar!

Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs

Deixa a luz do sol brilhar no céu do seu olhar!

Fé na vida, fé no homem, fé no que virá! 

Nós podemos tudo, nós podemos mais!

Vamos lá fazer o que será!”

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